A greve dos funcionários da Receita Federal voltou a prejudicar as exportações brasileiras na semana passada. A média exportada por dia útil caiu 5,8% ante a média acumulada das duas semanas anteriores - passando de US$ 267,7 milhões para US$ 252,4 milhões. A balança comercial registrou superávit de US$ 250 milhões na terceira semana de julho, o menor resultado semanal desde o início de março. De acordo com o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, entre 14 e 20 de julho as exportações somaram US$ 1,262 bilhão e as importações US$ 1,012 bilhão. Com esse resultado, a balança acumula um superávit de US$ 977 milhões em julho.
No ano, o saldo acumulado até agora é de US$ 11,375 bilhões.
A nota divulgada pelo ministério diz que a operação-padrão dos fiscais aduaneiros afetou negativamente as exportações. Já as importações, apesar da greve, tiveram aumento de 8,3% na média diária. Foram US$ 202,4 milhões por dia, ante US$ 188,5 milhões diários nas duas semanas anteriores.
As vendas de semimanufaturados tiveram forte queda, de 47%, que afetou sobretudo as exportações de celulose, semimanufaturados de ferro e aço, alumínio em bruto, óleo de soja, couro e peles. As exportações de produtos básicos, como minério de ferro, farelo de soja e soja em grão, permaneceram quase estáveis, com queda de 0,9% no período. Só as exportações de bens manufaturados cresceram em comparação com a média das duas primeiras semanas do mês: 7%.
Do lado das importações, aumentaram as compras de equipamentos elétricos e eletrônicos, químicos, automóveis e partes, cereais e produtos de moagem e também adubos e fertilizantes. Considerando a média diária das três primeiras semanas do mês, as importações cresceram 9,4% em relação a junho.
Na média, as exportações diárias de julho alcançaram US$ 192,4 milhões ante US$ 175,9 milhões em junho.
A queda das exportações pode ser observada também quando se compara o movimento comercial das três primeiras semanas com o mês de junho. Pela média diária, houve queda de 10,7% em relação a junho passado, e de 3,1% na comparação julho de 2002.
Para o diretor da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), José Augusto de Castro, as exportações brasileiras estão perdendo fôlego em julho por conta da retração da economia mundial.
"Aparentemente a queda das exportações já reflete a retração da economia mundial", afirmou ele, que acredita que o movimento de paralisação dos servidores da Receita Federal teve um impacto menor nas vendas externas.
Segundo o especialista, os principais mercados compradores de produtos brasileiros - o americano e o europeu - são os mais afetados pela retração do nível de atividade econômica.
(Colaborou Adriana Fernandes)