Mercado trabalha com arroba mais cara - Falta de rastreados, entressafra e desencontro de informações movimentaram a semana do boi gordo
O mercado do boi continuou firme durante a semana. Não houve grandes alterações nos valores para a arroba dos bois não rastreados, que ficou em R$ 56 em várias praças. Já a arroba do boi rastreado bateu a casa dos R$ 58, com indicação de que ainda pode subir mais.
A elevação aconteceu apenas para bois rastreados, que ainda estão difíceis de encontrar em função da quarentena, determinada pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, como prazo mínimo para inscrição no Sisbov antes do abate.
A arroba do boi rastreado foi negociada em R$ 58 durante a semana no Paraná e em São Paulo, sem muita diferença entre as praças, segundo informações do analista da Scot Consultoria, Fabiano Tito Rosa. Na quarta-feira ele informou que a arroba estava sendo negociada a R$ 58 e que a perspectiva era de mais valorização diante da escassez de animais prontos para abate e, principalmente, aqueles para atender as cotas de exportação.
O mercado trabalha com a lei pura de procura e demanda segundo Fabiano Rosa. Além de ser entressafra, período de menor quantidade de animais prontos para abate, a oferta de animais rastreados é pequena.
A adesão ao Sisbov está crescendo geometricamente, avaliou o analista. ""Já se fala em aumento de 380% de janeiro até agora."" Em janeiro o Brasil tinha 1,5 milhão de animais rastreados. O MAPA divulgou na semana passada que 7,2 milhões já estão rastreados, informou Fabiano Rosa. O problema, segundo o analista, é que a maioria desses animais não está pronta para abate. São animais de confinamento e semiconfinamentos que ainda não estão terminados.
O cenário também é influenciado pela variação do dólar. Se a moeda americana subir muito, além dos R$ 3, as exportações deverão aumentar e, consequentemente, a procura por animais rastreados.
As informações desencontradas sobre a rastreabilidade, colocada em dúvida na última semana, estão influenciando fortemente o mercado. Se tomava como verdade que a Europa exigia rastreabilidade nos animais para lá vendidos.
Hoje se admite que a Europa não exige tal rastreabilidade, mas a certificação de origem do produto que importa. Para certificar, no entanto, é preciso rastrear, reunir informações do nascimento ao abate. Mas esse serviço pode não ser individual, por animal, como está sendo exigido no Brasil, já admitem, segundo o analista técnicos e outros agentes da cadeia produtiva da carne.
Durante a semana, segundo Fabiano Rosa, circulou informação sobre a possibilidade de implantar uma certificação das propriedades aptas em ofertar animais, cuja carne será exportada. Ninguém ainda garantiu que isso possa acontecer. Uma reunião em Bruxelas, no mês de setembro, com técnicos do bloco econômico europeu, está sendo aguardada para esclarecer muitos pontos.
Enquanto isso, o pecuarista, que precisa de uma definição, vai ficando cada vez mais perdido.
Em meio a tanta confusão, há pouco boi no mercado e os frigoríficos estão na dependência dos animais de cocho, confinados ou semi confinados. Além de ser entressafra, quando a oferta realmente é menor, o boi ainda ter que ser rastreado e, quem tem boi pronto, rastreado, está segurando para conseguir preço melhor, considera Fabiano Rosa, da Scot.
Se a quarentena para inscirção no Sisbov cair, outra possibilidade cogitada durante a semana, a oferta de animais, rastreados a menos de 40 dias, também deve aumentar. Caso isso não aconteça, avalia Fabiano Rosa, além da influência da falta de animais por ser entressafra, o mercado deverá trabalhar com mais alta para os bois rastreados que estão em ponto de abate.
Há quem aposte, segundo o analista, que os frigoríficos vão pagar mais pela arroba, caso não encontrem animais prontos em quantidade suficiente para cumprir compromissos de exportação. ""Sorte de quem rastreou antes e que agora está dentro da quarentena exigida pelo MAPA.""
O cenário é todo do boi gordo. Nas outras categorias de animais o mercado trabalha estável. Na reposiçaõ a procura maior é pelo animal erado. Como o milho teve queda de preço, tem muito pecuarista entusiasmado em confinar. Já o mercado para anmais mais jovens tem demanda fraca.
Com relação a preços para o pico da entressafra, que acontece normalmente em outubro, a continuar a forte procura pela inclusão no Sisbov, Fabiano Rosa, mantém a tendência de R$ 65 para a arroba no período.
Essa previsão, segundo ele, aliás, despertou maior interesse este ano pelo confinamento, sistema que poderá ter margens razoáveis de lucratividade.
Um estudo da Scot Consultoria considerou custo médio, em São Paulo, para R$ 57,50 a arroba do boi confinado. Pensando na arroba em R$ 65 o sistema deverá trazer lucratividade. Com a queda no preço do milho ainda tem gente que deverá fechar animais até setembro.