Com os baixos preços pagos ao produtor pela saca de café, que oscilam atualmente em R$ 180 em comparação com a média histórica do setor, de US$ 100 por saca (R$ 300), muitos produtores estão em dúvida se vão substituir parte de sua plantação por outras culturas como laranja ou grãos, com preços em alta tanto no mercado interno, como no mercado internacional.
No estado do Paraná, por exemplo, onde estão localizados 284 milhões dos 2 bilhões de pés de café espalhados pelo Brasil, é grande a tendência de redução da área de cultivo na próxima safra. "No estado ninguém fala em plantar sementes, mudas ou formar viveiros", diz Wilson Baggio, presidente da Comissão Técnica do Café, da Federação Agricultura do Paraná. Mas entre erradicar o cafezal e continuar operando com custos altos, os produtores podem encontrar no manejo da adubação uma possibilidade de redução dos custos de produção.
Pesquisas realizadas pelo Instituto Agronômico do Paraná (Iapar), relevam que a utilização de resíduos orgânicos, associados aos fertilizantes minerais, pode promover sensíveis cortes no custo da produção de café no Brasil.
A adubação responde por cerca de 15% dos custos de produção de um hectare de café de uma lavoura que produza, em média, entre 20 e 25 sacas de café beneficiado. O principal item que pesa no orçamento da adubação é o nitrogênio, elemento indispensável nas lavouras de café. Os cafeicultores aplicam cerca de 80 quilos por hectare, ou seja, um gasto que atinge os R$ 340 milhões por ano. "Substituir este item por adubos orgânicos pode significar uma redução de até 40% do custo total do manejo da adubação", diz Júlio César Dias Chaves, pesquisador do Iapar.
Especialista em aproveitamento de resíduos orgânicos na agricultura, Chaves defende a idéia de que o uso de matérias orgânicas em conjunto com o adubo mineral pode produzir bons resultados e propiciar considerável redução nos custos de produção da atividade cafeeira.
A substituição do nitrogênio mineral pode ser feita com a adoção do adubo verde, ou seja, o cultivo de leguminosas nos cafezais. "As leguminosas, como por exemplo a coupi e a mucuna anã são ideais. Com alta capacidade de absorção de nitrogênio, elas propiciam a aderência de nitrogênio ao pé de café e ajudam a melhorar e proteger o solo contra as perdas por erosão".
Segundo projeções de Dias Chaves, a técnica já é utilizada em 10% da área de cultivo do Paraná, estimada em 150 mil hectares de café. "Cafeicultores de várias regiões do Brasil já dominam esta técnica", diz. A adubação verde associada a utilização de fontes de potássio, também orgânicas, somadas aos fertilizantes minerais podem contribuir, inclusive, para a melhoria da qualidade dos grãos.