Sementes da variedade de ciclo curto estão esgotadas com vendas 20% maiores nesta safra. A oferta de sementes de soja precoce está totalmente esgotada. "Desde maio, não há um único saco das variedades precoces para ser vendido", diz João Lenine Bonifácio e Sousa, presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Sementes (Abrasem) e ele próprio um produtor de sementes. "A minha safra de sementes mal tinha sido colhida e já havia encomendas por ela", diz Sousa.
De acordo com a entidade, foram vendidas, para a safra 2003/04, cerca de 270 mil toneladas de sementes de soja de ciclo curto (100 a 115 dias), volume 20% maior que o negociado no período anterior. A soja precoce representa, em média, 30% da oferta nacional de sementes, estimada em 900 mil toneladas para esta safra.
Tradicionalmente, o grosso da colheita da soja no Brasil é feito em maio. A vantagem da soja precoce sobre as variedades de ciclo médio ou longo é que ela é colhida entre janeiro e fevereiro e, desta forma, o agricultor aproveita os preços praticados na entressafra.
Em 2002/03, por exemplo, se deu bem o produtor que apostou no plantio da soja precoce. É o caso de José Nardes, de Primavera do Leste (MT). Nardes plantou 60% de sua área total de 5 mil hectares em soja precoce e conseguiu vender a saca a R$ 34 em março. Os produtores que apostaram na soja de ciclo médio tiveram problemas com chuva na colheita - que causou uma quebra de 15% a 20% da safra na região - e venderam a produção a níveis mais baixos, de R$ 29. "Nesta safra, vou manter minha aposta na precoce", afirma Nardes.
Dermeval Rodrigues, de Mineiros, sudoeste goiano, diz que também vai plantar soja precoce. Em 2002/03, ele vendeu sua safra de ciclo curto pelo preço médio de R$ 36 a saca de 60 quilos. "A produtividade da soja de ciclo curto é menor, de 47 sacas por hectare, mas ela permite que se plante uma segunda safra, a safrinha de milho", afirma Rodrigues. "Dessa forma, faturo duas vezes numa mesma área", diz o agricultor.
As variedades precoces precisam de condições climáticas muito específicas para progredirem. Em primeiro lugar, o regime de chuvas. É preciso que chova entre setembro e outubro para que o plantio possa ser feito. O clima precisa estar seco entre janeiro e fevereiro, quando a colheita é feita. Por esses motivos, as variedades precoces vingam em microrregiões do Brasil, em áreas do sudoeste goiano, norte do Mato Grosso do Sul e áreas do Mato Grosso e Paraná.
Oferta escassa
Nesta safra, os produtores anteciparam suas compras de sementes de variedades precoces em razão da oferta menor de sementes. As chuvas atingiram em cheio a colheita das sementes de ciclo curto e médio. "Plantei 400 hectares de sementes de soja precoce e perdi tudo com a chuva", diz Sousa, produtor de sementes em Catalão, no interior do estado de Goiás.
Com isso, o preço do produto disparou. Hoje, o quilo da semente de soja precoce está cotado entre R$ 1,70 e R$ 1,80, ou 40% acima dos preços praticados no ano passado. "Com a escassez de sementes precoces e de ciclo médio, muitos agricultores devem ser forçados a plantar variedades de ciclo mais longo", afirma Sousa. Ele estima que 75% das sementes de soja no Brasil são fiscalizadas. O estado com o maior índice de fiscalização é o Mato Grosso, com 95%.