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Queda na demanda reduz preço do cacau na bolsa americana



O alto nível dos estoques dos fabricantes mundiais de chocolate está adiando as compras de cacau este ano, que historicamente se aquecem a partir de agosto. Com isso, as cotações da amêndoa despencaram nos últimos quinze dias, acumulando queda 14% no período. "A indústria, que está comprada desde a virada do ano a preços altos, ainda não se reanimou, e permanece afastada do mercado", diz Thomas Hartman, produtor e analista do mercado de cacau.

O mercado internacional de cacau tem sido dirigido por especuladores, que ao longo da última semana realizaram posições derrubando os preços futuros do cacau aos patamares de US$ 1.512 por tonelada na bolsa de Nova York. Projeções iniciais do mercado apontavam para cotações de US$ 1.800 a US$ 1.900 por tonelada entre os meses de agosto e setembro. No entanto, o verão, que foi bastante rígido este ano no hemisfério Norte, aliado à crise econômica que persiste tanto nos Estados Unidos como na Europa, contribui para manter a demanda retraída.

Estudo realizado em abril pela empresa ED&F Man, uma das maiores corretoras de cacau do mundo, aponta para um excesso de produção de 23 mil toneladas na no período 2002/03, devido ao aumento das safras dos principais produtores mundiais. Pelos cálculos da ED&F Man, a produção mundial de cacau na safra 2002/03, que se encerra este mês, será de 3,040 milhões de toneladas, volume 9,4% maior que a safra passada. O aumento da produção mundial é sustentado pelo crescimento das safras da Costa do Marfim, Indonésia, Gana, Brasil e Equador. Já na Nigéria e em Camarões, a produção deve cair.

No mesmo período, o esmagamento está estimado em 2,995 milhões de toneladas, um aumento menor que o da produção, que chega a 5% sobre o desempenho anterior.

Com a colheita já concluída, os países africanos estão escoando sua safra nova. "Com isso, na última semana o mercado devolveu praticamente tudo o que ganhou nos últimos trinta dias", diz Hartman. As chuvas registradas recentemente na Costa do Marfim, maior produtor mundial da amêndoa, com safra estimada em 1,3 milhão de toneladas para o período 2003/04, exercem influência negativa no mercado. O clima excessivamente seco estressou as lavouras e era grande a expectativa de safra menor, mas as precipitações devem readequar a umidade do solo e beneficiar o desenvolvimento dos cacaueiros. Gana deverá colher 450 mil toneladas. A Nigéria vai produzir 170 mil toneladas e Camarões somará uma produção de 130 mil toneladas no período.

No Brasil, a colheita da safra temporã prossegue sem atrasos. A produção será 41% maior que a safra temporã do ano passado, quando foram colhidas 65 mil toneladas. Com isso, a safra brasileira de cacau (incluindo os ciclos temporão e principal), crescerá 30%, para 160 mil toneladas.

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