Uma onda de vendas especulativas provocou forte queda de 6,3% nos preços do café arábica ontem, na bolsa de Nova York. O reflexo no mercado interno não tardou: as cotações caíram 4,4% para o café do sul de Minas Gerais, bebida dura, tipo 6. "O mercado interno travou. Os produtores adotaram postura defensiva e se recolheram", diz o analista Gil Barabach, da Safras & Mercado.
Ontem, os fundos de investimentos e pequenos especuladores aproveitaram o dia para realizar lucros, após a forte alta registrada na semana anterior que fez a cotação do arábica atingir os maiores níveis em quatro meses. Os preços caíram apesar da redução dos estoques norte-americanos e do persistente clima seco nas áreas produtoras do Brasil, que estão na fase crítica de floração, quando a demanda hídrica é maior.
"A ocorrência de chuvas esparsas no Brasil minimizou os temores com a florada da safra 2004/05", disse a analista Judith Ganes-Chase, da J. Ganes Consulting, de Nova York.
As previsões meteorológicas não são animadoras: predomina o clima seco, com chuvas isoladas para São Paulo e Minas Gerais até quinta-feira. O quadro pode mudar a partir do dia 25, quando uma nova área de instabilidade pode trazer mais chuvas para a região.
Já os estoques de café dos EUA caíram 2,2% em agosto, na comparação com julho, para 6,227 milhões de sacas de 60 quilos, informa a Associação do Café Verde.
Leilão de opção
O governo calcula que os cafeicultores brasileiros devem exercer 18% das opções de venda de café. As opções são referentes ao mês de setembro e venceram ontem. Foram contratadas 945,5 mil sacas de café arábica, a R$ 190 a saca, e 8,7 mil sacas de robusta, ao preço de R$ 104. Outras 943,4 mil sacas de arábica e 11,1 mil sacas de robusta foram contratadas para exercício no dia 11 de novembro.