O agronegócio precisa "romper o cordão umbilical" que o torna dependente dos recursos do Tesouro Nacional, do sistema oficial de crédito rural e dos fundos constitucionais. Para isso, será preciso criar mecanismos alternativos para captar recursos no mercado, de preferência no exterior, defendeu ontem, em Goiânia (GO), o secretário Nacional de Política Agrícola do Ministério de Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Ivan Wedekin.
Wedekin, que participou do IV Congresso Brasileiro de Algodão, indicou que as severas restrições orçamentárias que o setor público continuará a enfrentar no próximo ano forçarão o ministério a remanejar recursos para fortalecer os mecanismos de financiamento da comercialização das safras. "A definição de novos mecanismos de comercialização é o calcanhar do agronegócio", acrescentou.
O primeiro produto a sair do forno, como disse Wedekin, deverá ser o lançamento de opções privadas. A configuração desse novo papel, que ajudaria a financiar a compra e venda de grãos, carne, leite e outros produtos da agropecuária, ainda está sendo discutida com o setor privado e com a Bolsa de Mercadorias e Futuros (BM&F). "Não posso antecipar qual será o desenho desse papel, mas funcionará nos moldes de uma parceira público privada (PPP)", disse Wedekin.
Além das opções privadas, o ministério trabalha com um elenco de projetos para estabelecer novas formas de captação de recursos para a agropecuária. Na maioria dos casos, as propostas concentram seu foco na agricultura e na pecuária voltadas para a exportação. "Nos últimos 12 meses, o saldo da balança comercial do agronegócio cresceu 35%, o que mostra que o setor está conquistando espaço no cenário internacional sem deixar de atender o mercado interno", acrescentou.
Entre os projetos em estudo, está a criação de Fundos de Investimentos em Agronegócios (FIA), que poderão seguir o mesmo figurino definido para os fundos imobiliários, lastreados em recebíveis da indústria da construção. "O agricultor não precisa ser dono de 100% do capital", disse Wedekin, ao defender a necessidade de uma espécie de "abertura para o mercado" no setor agrícola, com a entrada de sócios e parceiros que se encarregariam de aportar recursos. A fórmula ainda exigirá discussões com a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e em outras instâncias do governo federal.