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Clima ainda não assegura ritmo

Trabalhos em Mato Grosso completaram um mês, desde o fim do Vazio Sanitário


As primeiras quatro semanas de plantio da nova safra de soja, em Mato Grosso, encerraram com a cobertura de pouco mais de 14% da área estimada, ante mais de 30% de semeadura em igual balanço no mesmo período do ano passado. A chuva - a escassez dela - ainda marca esse início da safra e já começa a deixar o setor produtivo preocupado com as possíveis consequências dessa estiagem. 

Entre os maiores temores estão o replantio, o que onera ainda mais o custo final de produção, como também o encurtamento da janela de plantio às variedades mais precoces de soja e do milho safrinha, cultura que sucede a sojicultora no Estado, e sensível a qualquer tipo de atraso, seja na semeadura quanto no plantio da oleaginosa. 

O Diário conversou com alguns sindicatos rurais, existem situações em que o plantio foi realizado na primeira semana desse mês, sendo interrompido pela falta de chuvas, e de preocupação em relação ao replantio, já que há lavouras com mais de 10 dias sem chuvas. O clima, diferente do registrado em igual período do ano passado, ainda não trouxe as esperadas chuvas em volume e frequência, como costumam a ser registradas na maior parte do Estado nesse período. Os produtores contam que há previsões de precipitações mais regulares apenas para a próxima semana, a partir do dia 22. 

Esse estresse hídrico que as plantas estão sofrendo desde o fim do Vazio Sanitário – momento que abre o calendário na nova safra no Estado, permitindo o plantio – intensificam as estimativas de um ciclo menos produtivo. Diferente do ano passado, quando as chuvas vieram em tempo e em quantidade ideais, nesse ano a escassez delas já coloca em risco o resultado da safra. 

Conforme o Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), em razão de outras condições climáticas há a previsão inicial de uma produtividade 2,30% inferior a registrada na safra passada, saindo de 55,39 sacas por hectare (sc/ha) para 54,12 sc/ha. 

A expectativa é que Mato Grosso colha 30,58 milhões de toneladas de soja, 2,08% a menos em relação ao ciclo 2016/17, que foi recorde, e somou 31,22 milhões de toneladas. 

O plantio da soja em Mato Grosso atingiu 14,44% dos 9,41 milhões de hectares em quatro semanas de trabalho. O percentual é 16,96 pontos percentuais (p.p) abaixo dos 31,40% que estavam semeados em quatro semanas. Até o momento a região mais é a oeste, com 40,80% dos 1,11 milhão de hectares plantados. O médio norte, região que detém a maior extensão de áreas de soja, semeou apenas 19,74% dos 3,17 milhões de hectares destinados à oleaginosa. Ambas as regiões apresentam atraso no ritmo dos trabalhos em comparação ao mesmo momento do ano passado, -13 pp e -22,10 pp, respectivamente. 

Conforme a AgRural, Mato Grosso já cultivou 18% da área estimada até o final da semana passada e que apesar de haver atrasos em relação ao ritmo adotado no ano passado, a semeadura acima dos 15% está dentro da média dos últimos cinco anos. Conforme a analista Daniele Siqueira, a região mais prejudicada com a falta de estabilidade nas chuvas foi o Centro-Oeste. 

O plantio da safra encerrou a semana passada em 12% da área brasileira, com avanço de sete pontos na comparação com os 5% de uma semana antes. “O número vem em linha com os 11% da média de cinco anos, mas é inferior aos 18% do ano passado, quando a semeadura foi umas das mais rápidas já registradas”, pontua Daniele. 

Ainda como destaca, o avanço semanal poderia ter sido maior, não fosse a redução do ritmo dos trabalhos - e em alguns casos a sua completa interrupção - em boa parte do Centro-Oeste, onde a irregularidade das chuvas ainda amedronta os produtores. “As plantadeiras entraram em campo no início da semana passada, quando ainda havia umidade no solo, mas foram gradativamente parando devido à falta de chuva e à ausência de maiores volumes nas previsões para as próximas duas semanas”. 

O Paraná lidera o plantio com cerca de 30% da área já semeada. Por lá as chuvas continuaram generosas e intercaladas com aberturas de sol, “o que permitiu rápido avanço do plantio e boas condições para o desenvolvimento inicial das lavouras. Até quinta (12), 30% da área paranaense de soja estava semeada, em linha com os 29% da média de cinco anos, ainda que atrás dos 39% do ano passado”, avalia a analista. 

A AgRural estima a área plantada com soja na safra 2017/18 do Brasil em 34,6 milhões de hectares, com aumento anual de 2%. A produção potencial, calculada com base em linha de tendência de produtividade, é de 109,9 milhões de toneladas (-4%). 

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