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Como a neutralidade do fenômeno La-Niña afetará as chuvas?

Projeção climática indica chuvas dentro da média climatológica


Foto: Pixabay

No mês de maio, diversos centros meteorológicos ao redor do mundo confirmaram o final do regime da La-Niña e a entrada da normalidade climática para as águas do Oceano Pacífico Equatorial. Sendo este um dos fenômenos com maior impacto no clima global, modificando o regime das chuvas e das temperaturas. Antes de discutirmos a projeção dos modelos climáticos para os próximos meses, vamos fazer um levantamento dos dados históricos das chuvas para os meses de Junho, Julho e Agosto. 

Neutralidade e seus impactos históricos nas chuvas de Junho, Julho e Agosto.
Na figura da direita, vemos o comportamento climatológico das chuvas ao longo dos anos de 1981 até 2020. O maior destaque fica para os baixos volumes esperados na parcela central do país, entre o leste do MT, norte do GO, TO, norte de MG, oeste da BA e sul do PI e MA. Há localidades onde as médias de chuva para o trimestre ficam abaixo dos 5 mm, como é o caso do interior nordestino.

Na figura ao lado, vemos o reflexo do comportamento das chuvas nos períodos de Neutralidade do fenômeno El-Nino, ou seja, é o desvio da chuva em relação à média nos meses de Junho, Julho e Agosto em que o Oceano Pacífico estava com suas temperaturas dentro da normalidade. As cores azuis neste mapa, significam chuvas acima do esperado para o período, as cores vermelhas indicam chuvas abaixo do esperado e as regiões sem cor, significa que não há impacto em relação à média. Nota-se que no coração do país, não há impactos significativos nas chuvas, mesmo porque os volumes climáticos são baixos para o período. Enquanto que no RS e sul do MS, os volumes tendem a ser menores, em contraste com o sul do PR e SC que são significativamente maiores. Bem como ao norte do MS, MG, MT, RO, e em grande parte do PA. No litoral do nordeste e extremo norte do país, há uma tendência para a diminuição dos volumes, no entanto os impactos não são tão expressivos, visto que os volumes do período são elevados. 

Cenário da Neutralidade.
Além disso, as projeções indicam uma permanência da condição de neutralidade com chances de 73% para o trimestre de Junho, Julho e Agosto (JJA no gráfico), sendo a neutralidade predominante até a entrada do próximo ano no trimestre de Janeiro, Fevereiro e Março de 2022 (JFM no gráfico) com 54% de continuidade. Ao passo que as chances para a entrada de um El-Niño são relativamente baixas em toda a projeção, com a maior probabilidade de 27% no trimestre de Dezembro, Janeiro e Fevereiro (DJF). A probabilidade de retorno de uma possível La-Niña é de 31% no trimestre de Outubro, Novembro e Dezembro (OND). Vale ressaltar que essas condições e probabilidades são atualizadas e revisadas conforme novas informações e dados são coletados. 

Projeções Climáticas Para Junho, Julho e Agosto de 2021

A projeção climática para os próximos meses indica uma concordância significativa com a média climatológica do período de neutralidade. Essa projeção aponta para chuvas dentro da normalidade (áreas sem cor) para grande parte do Brasil, mas vale ressaltar que de maneira geral nas regiões centrais do país os volumes do período não são elevados. No entanto, essa projeção foge da tendência climática para o estado de SC e PR, onde seriam esperados volumes maiores de chuva para uma situação de neutralidade, contudo a projeção indica chuva abaixo da média climática (tons de laranja), especialmente no oeste desses dois estados. Assim como no litoral do nordeste e no RS, mas isso entra em concordância com o regime das chuvas da neutralidade.

Na sequência das previsões para cada um dos meses, observa-se que a tendência das chuvas sofrem poucas alterações. Em junho, no leste de SC, de SP, de MG e RJ as chuvas ficam levemente acima do esperado (tons de verde), mas reduzindo os volumes no decorrer dos próximos meses. Porém as chuvas abaixo da média, prevalecem no sul durante os três meses, acentuando a seca em Julho e avançando em Agosto para uma região maior. 

Como será esse comportamento?
Na entrada do inverno o principal sistema que provoca chuvas na região centro-sul do país são as frentes frias e dado este cenário podemos esperar que os sistemas sejam mais rápidos. Porém, com uma maior frequência de sistemas frontais de inverno, há uma maior frequência de incursão de massa de ar polar, o que pode favorecer uma maior frequência de eventos de frio intenso no inverno, inclusive com a formação de geadas amplas. No entanto, com uma menor quantidade de chuvas, a diferença nas temperaturas entre o amanhecer e tarde serão muito pronunciadas (grande amplitude térmica). Ao mesmo tempo, com um clima sem grandes perspectivas de chuvas na região central do país, a tendência é que as temperaturas fiquem elevadas para a época do ano. 

*material exclusivo e elaborado pela equipe Agrotempo.

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