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Monitoramento de horas de frio tem início

É uma ferramenta que eles utilizam para orientar o manejo, principalmente a poda


Foto: Pixabay

O Laboratório de Agrometeorologia da Embrapa Clima Temperado (Pelotas, RS) deu início à disponibilização semanal do monitoramento das horas de frio registradas em 2021 na região de Pelotas/RS. Atualizado todas as segundas-feiras no site do Agromet, o cálculo é realizado desde 2011, de maio a setembro, e ajuda a definir algumas práticas culturais em fruteiras de clima temperado. O foco, na região, são os pomares de pêssego.

As medições de temperatura são feitas a cada quinze minutos, durante 24h, todos os dias da semana, nas estações meteorológicas localizadas em três bases físicas da Embrapa: em Monte Bonito e na Cascata, em Pelotas/RS; e no Capão do Leão/RS. As estações localizadas na Estação Experimental Cascata (EEC), em altitude mais alta, e na Sede da Embrapa Clima Temperado (Monte Bonito), em altitude mais baixa, são representativas das regiões produtoras.

No site do Agromet estão disponíveis relatórios, por ano, com a quantidade de horas de frio de cada semana dos meses monitorados, o somatório das horas de frio de cada mês e a média histórica dos meses e do ano para cada uma das estações meteorológicas. Para acessar, vá em “estatísticas”, clique em “horas de frio”, escolha o “ano” e selecione “relatório”. 

Ferramenta para orientar produtores

Segundo Rodrigo Prestes, extensionista rural do escritório municipal da Emater/RS-Ascar, esses dados são utilizados pelos técnicos para aconselhar os produtores e integram boletim informativo semanal da instituição sobre o andamento das atividades agropecuárias regionais. “É uma ferramenta que eles utilizam para orientar o manejo, principalmente a poda. O produtor está bem ciente desse dado. Sabe o que é e porque é importante”, afirma.

Neste ano, até o momento, o monitoramento mostra que a região mais alta, que costuma ser mais fria, está com quantidade de horas de frio acima da média histórica. Já a região mais baixa, está com a quantidade de horas de frio bem abaixo do esperado. De acordo com Rodrigo, o produtor costuma fazer a relação direta de maior quantidade de horas de frio, principalmente nos meses de maio e junho, com melhor produção. “Claro que o pêssego, por ser perene, é uma cultura complexa. Então, não é só o frio que vai definir a safra. Mas, é um indicativo”, observa.

Importância das horas de frio

O monitoramento de temperaturas abaixo de 45º F (7,2º C) tem como base antigos experimentos norte-americanos, nos quais se verificou necessidade de acúmulo de horas abaixo desse limite para a planta sair da fase de repouso, conhecida como dormência - época quando perde as folhas. Esse período tem impacto na brotação, no florescimento e na retomada do ciclo produtivo. Quando a quantidade não é suficiente, é necessário complementar o processo com algum tratamento químico para quebrar a dormência.

“Caso a quantidade de horas de frio seja suficiente para a variedade, ela vai ter uma boa brotação. Isso vai definir produtividade, crescimento da planta e, inclusive, (a falta) pode ter relação com a morte das plantas”, explica Carlos Reisser, pesquisador da área de agrometeorologia. “Quando o acúmulo de frio é insuficiente, resulta em  brotação e floração irregulares e, não raro, brotação errática. Não se forma uma boa folhagem, o que é importante para boa produção. Debilita a planta”, complementa a pesquisadora Maria do Carmo Raseira, da área de melhoramento genético.

Pesquisa avalia menor exigência de frio

Avaliações mais recentes, no entanto, têm mostrado que temperaturas um pouco mais elevadas que o tradicional, de 7,2º C, são eficientes para que as variedades cultivadas na região - desenvolvidas com baixa exigência de frio - tenham bom desempenho no campo. “Em algumas variedades, até 14º C deu efeito”, acrescenta Maria do Carmo. O monitoramento desse novo indicador, que passou a ser de 11º C, teve início em 2019 e se mantém nos registros semanais do site do Agromet.

Para chegar a essa conclusão, a equipe da Embrapa testou diversas variedades com metodologias existentes e constatou que períodos com temperaturas maiores já eram suficientes para a planta completar o repouso. “Em regiões com pouco acúmulo de temperaturas abaixo de 7,2º C, verificamos que algumas variedades conseguem florescer e brotar. Significa que temperaturas mais altas também funcionam para satisfazer e superar a dormência”, avaliou.

A metodologia norte-americana, a mais utilizada no mundo, foi validada na década de 1940, nos Estados Unidos, sob invernos rigorosos e uniformes. Mas, no Brasil, as condições climáticas são diferentes e a disponibilidade de horas de frio, menor. Verificar que as temperaturas exigidas pelas plantas podem ser maiores, pode ampliar as regiões possíveis para o cultivo de variedades menos exigentes.

Essa menor necessidade de horas de frio pelas plantas também é uma preocupação no desenvolvimento de novas variedades pelo Programa de Melhoramento Genético de Pessegueiro da Embrapa. "Sabemos que as temperaturas estão mudando, principalmente as mínimas. Isso vai limitar as variedades mais exigentes, por isso estamos buscando baixar a necessidade de frio”, finaliza Maria do Carmo.

*informações da Embrapa

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