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RS: chuvas devem regularizar a partir do outono

Os modelos indicam que as chuvas retornarão ao Rio Grande do Sul a partir de abril


Foto: Pixabay

A previsão climática previa que janeiro seria de chuvas abaixo da média na fronteira com o Uruguai, o que de certa forma ocorreu, pois, as regiões da Fronteira Oeste, Campanha e Zona Sul registraram chuvas abaixo da normal climatológica. No entanto, onde o modelo previa chuvas dentro do normal, o que realmente ocorreu foram chuvas acima da média climatológica. A região Central e Noroeste tiveram entre 200 e 250 mm de precipitação. Além da Região Central, boa parte do Leste, Norte e Noroeste do Rio Grande do Sul tiveram precipitação acima da média climatológica. No entanto, as chuvas, embora em bom volume, foram muito pontuais, não amenizando a situação da estiagem no Estado.

Com relação às temperaturas médias, tanto as máximas quanto as mínimas, estiveram dentro da normal climatológica para o mês de janeiro.

Situação atual do fenômeno ENOS (El Niño-Oscilação Sul) e perspectivas

As condições oceânicas e atmosféricas continuam indicando Neutralidade, porém com pequeno viés positivo, visto que a anomalia da Temperatura da Superfície do Mar (TSM) na região Niño3.4 está em torno de +0,5 °C nos últimos dois trimestres. No entanto, esta pequena anomalia positiva da temperatura não é indicativo de El Niño, já que as demais características do fenômeno não estão em consonância. Além de toda a condição de Neutralidade no Oceano Pacífico Equatorial, as águas no Oceano Atlântico Sul também estão neutras e a conjuntura desses fatores não está favorecendo, de forma satisfatória, as chuvas no Rio Grande do Sul.

Segundo o IRI (International Research Institute for Climate and Society), existe 60% de chance de a Neutralidade continuar no trimestre março,abril e maio, e se mantendo em 50% até o trimestre junho, julho e agosto. Alguns centros de meteorologia têm indicado que a La Niña poderá retornar na próxima safra, mas é necessário recordar que as previsões nesta época (durante o final do verão e início do outono) têm menores chances de acerto, por isso deve-se ficar de olho neste quesito. Com isso, fica o reforço de que, pelo menos até o inverno, a fase Neutra persistirá.

Com relação às temperaturas, já são esperadas as primeiras entradas de massas de ar mais frio ainda em abril. Isto não quer dizer que o inverno será rigoroso, mas que o frio chegará mais cedo em relação ao ano passado.

Condições da Radiação solar durante a safra 2019/2020

A radiação solar é fator importante para as lavouras de arroz em estádio reprodutivo. Os mapas decendiais mostram que no 1º decêndio de janeiro, a radiação solar foi acima ou dentro da média na maioria das regiões orizícolas. No 2º decêndio, os valores de radiação solar ficaram acima da média em boa parte da Campanha, Região Central, Centro,Zona Sul e nas Planícies Costeiras Interna e Externa, enquanto na metade oeste da Fronteira Oeste, os valores foram ligeiramente abaixo da normal climatológica. Já no 3º decêndio, os valores ficaram abaixo da média somente no Extremo Oeste e no Extremo Sul do RS. Nas demais regiões, a radiação solar ficou dentro do normal.

De modo geral, a média da radiação solar durante o mês de janeiro, nas regiões orizícolas do Estado do Rio Grande do Sul, foi acima do padrão normal.

Previsão para março, abril e maio de 2020

Conforme anunciado nos últimos boletins, as precipitações têm sido muito irregulares, tanto espacial quanto temporalmente, haja vista que as chuvas têm ocorrido com maior frequência na metade Oeste, em relação a metade Leste do Rio Grande do Sul. Janeiro ficou com anomalias positivas de precipitação em alguns municípios, mas foi devido a um episódio específico na metade do mês. Nesse fevereiro de 2020, as condições continuam as mesmas, muita irregularidade e volumes de precipitação nada animadores, que vem agravando a situação da estiagem no Estado.

Este boletim foi elaborado no dia 19/02 e, até esse momento, as chuvas estão abaixo da média na maioria das regiões, e este panorama não deve mudar muito até o final do mês. Para março, os prognósticos ainda mantêm a previsão de chuvas abaixo da normal climatológica. Março tem tudo para ser um mês decisivo, pois em 20/03 termina o verão no Hemisfério Sul e, com isso, o gradual retorno das chuvas para o Sul do Brasil deve acontecer. A atuação da ZCAS (Zona de Convergência do Atlântico Sul) causa chuvas abundantes na região Sudeste do Brasil e o seu período de atuação é o verão. No entanto, como a estação chuvosa demorou para iniciar por lá, a pergunta que fica é: será que a estação chuvosa terminará no tempo normal, ou continuará por mais algum tempo? Difícil responder de maneira segura e assertiva.

De qualquer forma, o que os modelos estão indicando é que as chuvas retornarão ao Rio Grande do Sul a partir de abril (visto que a média dos modelos indica chuvas dentro do normal) e adentrando em maio (os modelos estão sinalizando chuvas acima do padrão normal). Porém, este retorno das chuvas pode ser um problema para o produtor rural. No caso do arroz, a colheita ocorre de fevereiro a março, mas as lavouras semeadas tardiamente terão a colheita indo até abril, e as chuvas poderão atrapalhar e trazer prejuízos. Da mesma forma a soja, com pico de colheita nos meses de março e abril.

Como já mencionado anteriormente, haverá entrada de massas de ar frio mais precoce este ano, já a partir de abril. No entanto, agora em fevereiro, uma queda acentuada nas temperaturas já será observada e ocorrerá justamente perto dos dias de Carnaval.

É, o famoso frio do Carnaval vai dar as caras novamente, e este pode ser um risco para aquelas lavouras de arroz que estarão em fase crítica, a do emborrachamento/microsporogênese. Na região da Campanha, as temperaturas mínimas poderão ficar abaixo dos 10 °C entre os dias 21 e 23 de fevereiro. E outro pulso de ar frio está sendo previsto para os dias 28 e 29 de fevereiro.

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