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Dados de intoxicações da OMS não se aplicam ao Brasil

Dados divulgados como novos são, na verdade, de duas décadas atrás


Recentemente foram divulgados dados da Organização Mundial de Saúde (OMS) segundo os quais para cada intoxicação notificada, ou identificada pelos órgãos oficiais, existem outras 50 intoxicações não notificadas. Na avaliação de especialistas do setor, essas estatísticas não se aplicam ao Brasil.

Este dado provém de um estudo feito na África entre os anos de 1995 e 2000, na qual para cada intoxicação notificada os pesquisadores encontraram outras 10 não notificadas (LONDON, L, e BAILIE, R. Challenges for improving surveillance for pesticide poisoning: policy implications for developing countries. Int J Epidemiol 30(3):564-70, 2001).

Esta informação está defasada, uma vez que nos últimos 20 anos as moléculas e formulações de pesticidas passaram por grandes mudanças. Produtos com elevada toxicidade foram proibidos por órgãos governamentais ou descontinuados pelos próprios fabricantes”, aponta o site Ciência e Tecnologia Agro (C&T Agro), que é uma iniciativa de profissionais da área regulatória de produtos fitossanitários, sementes e outros insumos, vinculados tanto ao setor público quanto privado. 

Segundo os técnicos responsáveis pela publicação, houve “melhorias significativas nas formulações e nas tecnologias de aplicação de pesticidas, que reduziram derivas ou dispersões indesejadas, bem como, o desperdício de produtos e contaminações”.

“Outro fator que impede a aplicação do suposto dado da OMS para o país é o de que, desde o ano de 2011, no Brasil passou a ser obrigatória a notificação de intoxicações por pesticidas no âmbito do Sistema de Informação de Agravos com Notificação (SINAN). Desde então o Ministério da Saúde investiu mais de 30 milhões no Programa de Vigilância às populações expostas à Agrotóxicos, promovendo treinamentos e incentivando as notificações de intoxicações. As estatísticas de um maior número de notificações de intoxicações demonstram o resultado dos investimentos Federal e estaduais na melhoria nos sistemas de atendimento e de coleta de informações, e não o aumento do número de intoxicados por pesticidas no país”, conclui o C&T Agro.

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