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Ministério Público investiga deriva do 2,4-D no Sul

"Vamos avaliar provas técnicas juntadas aos autos e verificar se é o caso de judicialização", diz MP


O Ministério Público do Estado do Rio Grande do Sul (MPE-RS) sinaliza que deve ir ainda mais fundo na investigação sobre os efeitos do herbicida 2,4-D aplicado na soja e que acabou sofrendo deriva e destruiu culturas como a da uva e oliveiras na região Sul do Brasil. De acordo com a promotoria, o inquérito civil vai procurar o parecer de técnicos e de outros setores envolvidos, além de incluir outros agroquímicos do mesmo grupo classificado como “hormonais”, ou reguladores de crescimento.

A decisão de aprofundar a apuração ficou consolidada após a falta de consenso entre produtores de soja, vinho e entidades do setor produtivo. Um encontro foi realizado nesse mês na Federação da Agricultura do Estado do Rio Grande do Sul (Farsul), mas nenhuma solução ou decisão foi acertada entre as partes.

O Ministério Público já tem um inquérito sobre o 2,4-D aberto desde o ano de 2015 para investigar os efeitos da deriva do produto. Com os problemas registrados nesse ano, o ingrediente ativo corre o risco de ser suspenso. A Secretaria da Agricultura do Rio Grande do Sul anuncia que irá estabelecer, juntamente a técnicos das entidades privadas, uma regulamentação da aplicação terrestre do defensivo agrícola.

“Esperávamos um consenso entre os setores. Já que não houve, vamos avaliar as provas técnicas juntadas aos autos e verificar se é o caso de judicialização ou não. Se é um problema comum a outros químicos, temos de ampliar o objeto de análise, a fim de evitar novos problemas futuros”, disse a promotora de Justiça Anelise Grehs, que é coordenadora do Núcleo de Resolução de Conflitos Ambientais do MPE-RS.

Gedeão Pereira, presidente da Farsul, posicionou-se contra a “proibição de qualquer princípio ativo”. De acordo com o dirigente, o 2,4-D é um produto de “altíssima qualidade e absolutamente seguro”. A entidade reconhece os danos da deriva do 2,4-D, mas defende a coscientização, treinamento e capacitação dos aplicadores como a solução para o impasse.

Conselheiro do Instituto Brasileiro do Vinho (Ibravin), Helio Marchioro diz que a produção de uvas está ameaçada se não houver a suspensão do herbicida: “Estamos diante de um pretenso prejuízo de uma atividade (soja) contra a sobrevivência de várias outras como o mel, a horticultura e a fruticultura em geral. No nosso entendimento, o mínimo de bom senso indicaria suspensão do uso enquanto não se tenham condições objetivas e tecnológicas que garantam que não vamos ter mais o dano”.

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