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Paz aos brasileiros, antes que seja tarde


Richard Jakubaszko
Precisamos de paz, fraternidade e trabalho. Parece-me, entretanto, que isto seria pedir muito. O Brasil vai de mal a pior com as brigas entre os políticos, na disputa por mais poder. Os que perderam as eleições, talvez justamente por não terem quaisquer propostas que convencessem os eleitores, andam inconformados, e não se cansam de pedir impeachment, de acusar os que estão no poder de corruptos, e tome denúncia no lombo do governo. 
O governo apanha como mulher de malandro, é claro que não gosta, mas acaba por ficar quieto a cada surra tomada. E nem reclama mais, não se defende, parece acuado. Ao mesmo tempo, políticos fisiológicos que fazem parte da base aliada do governo, exigem cargos e muitos outros benefícios. O povo não é bobo, percebe as manobras. Mas a intolerância cresce diante das denúncias recorrentes de "corrupção", as diferenças se acirram. E tem gente brincando com fogo. Ensandecidos, pedem uma ditadura, de novo...
A mídia, declaradamente oposicionista, insufla, vende desgraça diariamente. Vejo proliferar um ódio entre brasileiros, que é inédito em nossa história de cordialidade, fraternidade, amizades com etnias diferentes, convivência entre pobres e ricos, e que só o futebol nos separava dos demais, mesmo assim com muita gozação e competitividade, exceto entre os grupo de torcidas organizadas dos grandes times. Aí sim, a beligerância protegida dentro de grupos enormes encorajava uns e outros a descer o cacete no adversário. Eu disse adversário, e não inimigo, como verifico no cotidiano, nas discussões políticas que ando observando, nas pessoas, seja no cafezinho dos escritórios, nos bares, nas ruas e até mesmo nas feiras. E todo mundo tem razão!
O Brasil perde com isso. Atinge-se um grau de insatisfação, em ambos os lados, e as disputas se acirram, parece que estamos às vésperas de uma guerra civil. Como decorrência de um lado querendo provar que o outro está errado, a crise vem chegando como quem não quer nada. Mas quer. A oposição quer ver o Brasil de joelhos, alquebrado, submisso, pois se deseja o "quanto pior, melhor", com alto desemprego, inflação, crise, para depois apresentar-se como salvador da pátria.
Lamentavelmente já vimos essa história aqui no Brasil. Com Getúlio Vargas nada foi diferente, preparava-se um golpe, com denúncias e mais denúncias de corrupção, e do "mar de lama" que se "esparramava pelo país". Até que, às vésperas do golpe, Getúlio suicidou-se, em 1954, e impediu a realização das pretensões da UDN. Entrou para a história, ao mesmo tempo abençoado pelo povo. Getúlio não poderia prever, quem sabe, mas apenas prorrogou o golpe, que aconteceu em 1964, utilizando-se das mesmas estratégias de antes, com acusações e mais acusações de corrupção. Depois de Getúlio, a elite chegou ao poder, pelo voto, com Juscelino e seus planos megalomaníacos, e iniciou o perverso endividamento do Brasil, com empréstimos internacionais, crescimento econômico pela dinamização industrial, através das multinacionais que vieram buscar seu butim, mas teve muita corrupção.
Aí, o povo elegeu Jânio, feiticeiro político que com sua vassorinha mágica prometia acabar com os malfeitos, mas teve de pedir o boné depois de 8 meses no poder. O vice-presidente eleito, João Goulart, pecuarista dos grandes, membro da elite, mas com ideias de esquerda, com a reforma agrária e o trabalhismo na mochila, teve um governo tumultuado e acabou deposto, pois não agradava as elites.
Tivemos 21 anos de ditadura, com muita corrupção acobertada pela censura, e algum desenvolvimento, isso não há como negar. Depois, voltamos para uma claudicante democracia, crises econômicas e mais corrupção, com Sarney, depois Collor, Itamar, FHC, todos com seus planos de estabilização, até que a combinação crise-corrupção-má gestão levou Lula ao poder. Mal chegou Lula começaram as denúncias de corrupção, e o mensalão era a cereja do bolo, e agora com Dilma a corrupção da Petrobras. Nada de novo. Mas é triste admitir, o Brasil é um país de corruptos. Faz parte do DNA do povo, da classe média, dos políticos e das elites. Se o cara não é corrupto, acuse-o, passará a ser corrupto, conforme nos ensina o aforismo católico de que "é mais fácil um camelo passar pelo buraco de uma agulha do que chegar ao reino dos céus". Se gritar "pega ladrão", some quase todo mundo!
Portanto, os ciclos se repetem, tanto em termos econômicos como políticos. Ou seja, a história se copia e se reproduz, os políticos oportunistas repetindo os mesmos estratagemas. O Brasil de hoje é grande, muito maior que o Brasil dos anos 1950 e 1960. A população triplicou, hoje é mais de 80% urbana, numa proporção inversa aos anos 1950. Mas a imbecilidade humana e dos políticos é a mesma.
Se é verdade que os tempos são outros e diferentes, a estratégia é a mesma, sem tirar e nem por. Antes, os golpes aconteciam pelas armas dos militares, hoje em dia ocorre através da Justiça, é esse o modus operandi.
O buzilis da questão é que cada brasileiro tem um entendimento próprio e imagina uma solução para os problemas do país. Se fôssemos dar vazão às nossas emoções individuais, seríamos como essa gaúcha de alta classe média que está no vídeo abaixo: foi a um posto de gasolina, em Caxias do Sul (RS), e ao berros apregoou aos motoristas que não abastecessem seus carros, pois assim "sobraria gasolina" e o preço teria de baixar, diante da "lei da oferta e da demanda". O fato inusitado aconteceu durante a semana das manifestações dos caminhoneiros que ameaçavam parar o Brasil, com uma iminente falta de alimentos nas cidades, e a mulher imaginou que sua lógica resolveria tudo. Se não foi internada é porque voltou à razão...
Mas o Brasil anda mais ou menos assim, pra lá de destrambelhado, e a classe média discute emocionalmente sobre política nos bares, táxis e até nas alcovas. O estarrecedor é que não é uma situação, como diz o ditado popular, do "em casa em que falta pão, todo mundo discute e ninguém tem razão", pois a sociedade nunca esteve tão bem, conforme comprovam os indicadores sociais: nosso IDH subiu, a mortalidade de crianças caiu, o analfabetismo reduziu substancialmente, o salário mínimo triplicou poder de compra, e temos um estado de pleno emprego; então, por que brigam tanto os brasileiros? Acho que é porque as políticagens andam no desespero, não conseguem seus intentos...
Na falta de líderes políticos, de estadistas que trabalhem para o povo, a classe média emergente, com sua visão míope do que seja política, estimulada por uma mídia partidarizada, vai nos levando para uma provável crise econômica, no rastro histórico da Europa atolada em recessão, antecedida pelo pessimismo daqueles que pensaram ter chegado ao estágio de milionários, mas que não sabem onde pisam, daí o fértil desiderato...
Pobre mulher, essa do posto de gasolina, é uma radiografia contemporânea e representativa da classe média emergente brasileira. Moralista, sem rumo, politicamente inculta e mal informada, inconformada com o que dizem sobre tudo isso que está aí, mas consumista (percebam como ela está bem vestida), adepta de modismos, e que está "se achando" com seu "genial" e excêntrico discurso.
Particularmente, sem nenhum pessimismo, acredito que vamos para o vinagre, pois verifico que todos os problemas, do mundo e do Brasil, têm como causa o crescimento demográfico ainda acelerado. Agravado pelo aumento da expectativa média de vida e pelas políticas de inclusão social. Ouso afirmar que não existem políticas públicas (socialistas ou capitalistas) competentes capazes de atender a todas as demandas e necessidades do povo como um todo, especialmente nas periferias. O cobertor será sempre curto. Os impostos cobrados nunca serão capazes de atender todas as necessidades de tanta gente, especialmente em áreas onde já existe um perverso atraso social, econômico e cultural.
E o seu discurso, qual é? Você concorda comigo, ou a gaúcha está certa?
https://www.youtube.com/watch?v=r0x2KE8Q7_M

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