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Precisamos de menos xilopódio e mais batata!


Alexander Silva de Resende

A comunicação é crucial no dia a dia de todos.

Esses dias mostrei para um estudante uma foto de uma espécie da Caatinga, a Umburana, uma espécie fantástica, de tronco cheiroso e muito usada para fazer barril para curtir cachaça.

Essa e outras fotos, como a do imbuzeiro (umbu cajá, fruta maravilhosa para sucos, geleias, sorvetes, etc) estão disponíveis na internet e são simplesmente maravilhosas! Na foto que mostrei, aparecem centenas de “batatas” nas raízes dessas plantas. “Batatas” essas, responsáveis pelo armazenamento de água e nutrientes, o que confere a essas e a muitas plantas da Caatinga, a capacidade de tolerar a seca, pois nessas verdadeiras “caixas dágua” as plantas tem reserva de água para suportar longos períodos sem chuva.

Assim, quando você planta a Amburana(outra forma de chamar a mesma planta), ela demora muito a crescer e a ter folhas e galhos, por que, como estratégia de sobrevivência, ela investe primeiro no desenvolvimento dessas “batatas” em suas raízes, o que lhe garantirá vida longa e não aparência!

Por essa e outras, a Caatinga em si, é o bioma brasileiro que mais me encanta...

Mas o papo de hoje é sobre comunicação. É sobre a habilidade que os profissionais precisam desenvolver para ir onde o povo está... de falar como o povo entende e não de criar guetos acadêmicos, criando e usando expressões ditas “técnicas” em momentos inadequados. Isso não ajuda a ninguém. Se eu estivesse usando nesse texto a palavra “xilpopódio”, que é o nome técnico dado a essas batatas, pouca gente entenderia... mas como falei batata, agora fica fácil entender o que é xilopódio.

E assim é a vida. Esses dias ouvi um veterinário falando com um peão que o animal dele estava com otite interna. Pro inferno! Por que ele não falou que o animal estava com o ouvido inflamado? O que ganhamos usando palavras de guetos acadêmicos com pessoas que não tem a obrigação de conhecê-las?

Por que é que a moça do tempo do jornal Nacional diz que vai chover 10 milímetros amanhã? Por que ela não fala 10 litros por metro quadrado? Será que a maioria das pessoas tem noção do que é 10 milímetros de chuva? Por que não quebrar alguns muros com o objetivo de aproximar as pessoas?

Mas não somos só nós. Em conversa por whatsap, um advogado esses dias me escreveu: “... aguardaremos as tempestivas manifestações e remessa dos autos à conclusão do magistrado para Decisão. Como corolário do ora informado, colacionamos abaixo a movimentação processual...”  Jesus Cristo! Precisa falar assim comigo? Falar com o Juiz, com outro advogado, vá lá... mas com o cliente? E posso citar casos de médicos, veterinários, florestais, agrônomos, contadores, administradores...

Se tiver que usar expressões de guetos acadêmicos para parecer que sou inteligente, prefiro continuar sendo “incapaz intelectualmente” , ou seja um burro... só que crítico!

Um forte abraço!

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