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Boletim Agrometrika - Outubro / 17

Até o momento, os preços das commodities estão em patamares mais baixos do que nos anos anteriores

Até o momento, os preços das commodities estão em patamares mais baixos do que nos anos anteriores, conforme o gráfico abaixo. Destaque para o milho, que reflete os altos estoques no Brasil, devendo encerrar o ano no patamar de 20 milhões de toneladas (dados da CONAB, set/17), contra uma média histórica na faixa de 10 milhões de toneladas.

Gráfico - Evolução de preços de produtos agrícolas no Brasil nos últimos 12 meses

Foi observado um atraso das vendas de insumos, em função de maior dificuldade de obtenção de crédito por parte dos produtores e pela menor disponibilidade de caixa (capital próprio). Essa menor disponibilidade é devida às diminuições de rentabilidade e também menor liquidez, já que muitos produtores estão segurando a produção na esperança de uma recuperação para comercializarem a preços melhores. Destacamos também o menor nível de venda antecipada da safra 2018, ou seja, o produtor está com menos proteção (hedge) de preços, o que aumenta o nível de risco da cadeia em caso de oscilações nos preços das commodities.

Abaixo, temos uma análise mais detalhada para as cadeias mais importantes para o agronegócio brasileiro.

Algodão: as boas condições climáticas proporcionaram uma boa safra para este ano. A colheita está praticamente finalizada, com produção de 1,53 milhão de toneladas de pluma. A produtividade média de pluma no MT foi de 107 @/ha com preço médio de venda estimado em R$ 75,50/@. Já na BA, tivemos a melhor safra de algodão dos últimos anos, com produtividade média na faixa de 115 @/ha, um aumento de 63% em relação à safra passada, ano em que houve quebra de safra. O preço médio na BA é estimado em R$79,50/@.

Café: a colheita está em fase final e a produção total de café está estimada em 44,8 milhões de sacas, quase 13% abaixo da safra anterior. A queda já era esperada, devido à bienalidade negativa. Os preços vêm se mantendo estáveis desde abril, oscilando entre de R$ 450,00 e R$ 470,00/saca, de acordo com dados do CEPEA e, até o momento, não são suficientes para cobrir os custos de produção de grande parte dos produtores de café que utilizam colheita manual. Alguns produtores maiores conseguiram travar preços antecipadamente em melhores condições.

Milho: a segunda safra está com colheita finalizada em quase todas as regiões, com produção estimada em 67,3 milhões de toneladas. A área foi 14% maior em relação à safra 15/16, devido ao otimismo com as cotações elevadas em 2016.  A expectativa é que a segunda safra encerre com produtividade superior à 92 sacas/ha, a segunda melhor da história.

No MT, a safra está 80% comercializada, abaixo dos quase 97% vistos no mesmo período do ano passado. A comercialização mais lenta é reflexo dos baixos preços pagos pelo cereal, com o Preço Médio de Venda na faixa de R$ 15,00/saca na BR-163. Os preços baixos são reflexo da grande safra de milho no Brasil e, por conseguinte, dos estoques em níveis recordes. Contudo, os preços na BM&F vêm subindo nas últimas duas semanas devido ao grande volume de exportação e as perspectivas de uma menor safra de verão em 2018.

Trigo: As lavouras de trigo estão sendo afetadas pelo clima nessa safra. No Rio Grande do Sul houve danos devido às geadas e posteriormente à falta de chuva. Paraná e Santa Catarina tiveram chuvas abaixo da média. A estiagem atingiu as lavouras nas fases de floração e frutificação, e com isso, as plantas têm se desenvolvido com porte mais baixo e número reduzido de perfilhos. Segundo a CONAB, a produtividade estimada será de 45 sacas/ha para a safra 2017, número 15% menor que 2016. Nos últimos 30 dias, a média de preço do CEPEA acumulou uma queda de quase 13%. A margem do produtor, sobretudo os afetados pela estiagem, deve ficar no vermelho.

Perspectivas de clima safra 17/18

As principais regiões produtoras de grãos estavam em condições desfavoráveis ao plantio devido à seca de setembro. Com as chuvas do começo de outubro avançando a partir do Sul, o plantio deve se intensificar de forma a recuperar o pequeno o atraso no cronograma, não afetando assim, a safrinha de 2018.

Como a disponibilidade de água no solo está em torno de 20 mm (imagem abaixo) e as chuvas acumuladas até o momento foram de 40 mm em grande parte do brasil, um pouco abaixo dos 50 mm previstos, ainda não são suficientes para elevar o nível de água no solo para as condições ideais de plantio, que é da ordem de 60 a 70 mm. A exceção fica em MT, na região de Sinop e Lucas do Rio Verde e Sul do PR que receberam precipitações acima de 50 mm.

Imagem 1 - Disponibilidade de Água no Solo

 

No Paraná, o plantio seguia lento à espera de melhores condições. Agora, intensificou-se rapidamente com as chuvas dos últimos dias, que devem se estender ao longo da semana. Segundo relatório do DERAL, apenas 2% da área prevista para a safra foi cultivada, ante 3% no ano passado. No estado, a soja deve ganhar espaço frente ao milho verão, com avanço de 3% em relação à safra passada.  Já a área de milho verão deverá recuar 33%, para apenas 345 mil ha.

No café, as chuvas de agosto induziram uma florada, que corria risco de não pegar devido à falta de chuvas desde então. Dessa forma, as expectativas recaem sobre as próximas floradas, que têm maior representatividade para a cultura. Portanto, apesar da bienalidade positiva em 2018, pode ser que a produtividade fique abaixo do esperado devido à falta de chuvas em setembro. A última estimativa da CONAB aponta para uma produção de 45,6 milhões de sacas, porém, o mercado já trabalha com estimativas na casa das 50 milhões de sacas.

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