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Clima segue sendo fator relevante para o trigo nos EUA

Importações brasileiras projetadas em 7,1 milhões de toneladas


Para o trigo, o primeiro mês cotado em Chicago fechou a quinta-feira (14/05) em US$ 5,10/bushel, contra US$ 5,29 uma semana antes. O mercado reagiu negativamente aos números vindos do relatório de oferta e demanda do USDA. O mesmo indicou o seguinte para o ano 2020/21:

1) Área semeada com trigo nos EUA em 18,1 milhões de hectares, e produtividade média esperada de 3.328 quilos/hectare (55,5 sacos/ha);
2) Uma produção de 50,8 milhões de toneladas nos EUA, contra 52,3 milhões no ano anterior;
3) Estoques finais nos EUA em 24,7 milhões de toneladas, contra 26,6 milhões no ano anterior;
4) Preços médios aos produtores estadunidenses, neste novo ano comercial, em US$ 4,60/bushel;
5) Produção mundial de milho em 768,5 milhões de toneladas, com acréscimo de 4,2 milhões sobre o total do ano anterior;
6) Estoques finais mundiais em 310,1 milhões de toneladas, após 295,1 milhões no ano anterior;
7) Produção brasileira e argentina de trigo neste novo ano em 5,5 milhões e 21 milhões de toneladas respectivamente;
8) Importações brasileiras projetadas em 7,1 milhões de toneladas. 

Dito isso, o clima nos EUA continua sendo um fator relevante para o mercado do trigo neste momento. Além disso, as exportações contam muito para dar uma direção ao mercado. Neste último caso, as vendas líquidas estadunidenses somaram 244.800 toneladas na semana encerrada em 30/04, representando um recuo de 15% sobre a média das quatro semanas anteriores. Para o ano 2020/21 tais vendas somaram 135.300 toneladas, levando a soma dos dois anos a ficar dentro das expectativas do mercado.

Já as inspeções de exportação atingiram a 340.310 toneladas na semana encerrada em 07/05. No início da semana o clima frio sobre as regiões produtoras chegou a dar um indicativo de alta nas cotações, porém, isso não se sustentou no final da semana. A menor demanda pelo produto dos EUA e os números mundiais do relatório do USDA esfriaram a tendência altista.

Também aqui o discurso do presidente do FED estadunidense deixou o mercado desanimado, pois o mesmo indicou uma reabertura da economia, pós-pandemia, muito lenta, assim como a retomada do crescimento econômico nos EUA. Neste contexto, a tonelada de trigo FOB oficial na Argentina, mesmo ficando em US$ 240,00, acabou se valorizando no Brasil pela nova e forte desvalorização do Real. Com
isso, a mesma chega aos moinhos paulistas valendo R$ 1.635,00, enquanto em Curitiba bate em R$ 1.530,00. Para novembro, o produto argentino ficou cotado em US$ 213,00/tonelada.

Já no Brasil, os preços do cereal se mantiveram em alta. O balcão gaúcho fechou a semana valendo R$ 51,06/saco, enquanto os lotes atingiram a R$ 66,00. No Paraná, o balcão oscilou entre R$ 56,00 e R$ 63,00/saco, enquanto os lotes ficaram entre R$ 75,00 e 78,00/saco. Em Santa Catarina o balcão permaneceu entre R$ 47,00 e R$ 48,00, enquanto os lotes, na região de Campos Novos, ficaram em R$ 63,00/saco. A forte desvalorização do Real deixa o trigo importado cada vez mais caro em moeda nacional, fato que valoriza o produto brasileiro. Ao mesmo tempo, há pouco produto de qualidade disponível, inclusive no Mercosul. Soma-se a isso o plantio da nova safra e o comportamento climático, e o quadro está formado para manter o preço do trigo em alta até a entrada da nova safra, em setembro.

Em paralelo, os efeitos da pandemia do coronavírus continuam impactando a economia nacional, com o consumo de trigo igualmente se mostrando menor, fato que segura um pouco as altas de preço da matéria-prima. Mesmo assim, considerando uma retomada parcial da economia no segundo semestre,
caso o clima venha a prejudicar mais uma vez a safra de trigo, os preços tenderão a continuar subindo mesmo durante a colheita. Caso contrário, em safra normal, os preços devem recuar a partir de setembro, especialmente se o câmbio retroceder um pouco, deixando as importações mais baratas. 

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