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Cotações da soja em Chicago ensaiaram um movimento de alta

Na prática, o mercado está agora sob influência da colheita nos EUA, a qual tende a pressionar para baixo os preços



Nesta última semana de setembro as cotações da soja em Chicago ensaiaram um movimento de alta, porém, o mesmo não se sustentou e o fechamento desta quinta-feira (28) ficou abaixo do verificado uma semana antes. De fato, o primeiro mês cotado fechou em US$ 9,59/bushel, contra US$ 9,70 na semana anterior.

A alta no início da semana veio por motivos técnicos, na medida em que no dia 22/09 o contrato de novembro quebrou a média móvel de 200 dias, definida em US$ 9,80/bushel. Para alguns, isto seria um sinal de que as cotações possam ir novamente ao patamar de US$ 10,00. Todavia, o processo não se prolongou e, nos dias seguintes, os fechamentos foram bem mais baixos.

Na prática, o mercado está agora sob influência da colheita nos EUA, a qual tende a pressionar para baixo os preços. A dúvida está no volume final a ser colhido, pois muitos ainda duvidam que os EUA cheguem a 120,6 milhões de toneladas anunciadas em 12/09 pelo USDA. O próximo relatório de oferta e demanda deste órgão agrícola estadunidense, previsto para o dia 10/10, deverá definir melhor a situação.

Dito isso, diante das incertezas os Fundos acabaram passando para a posição compradora de contratos, ajudando a puxar para cima os preços em parte da semana. Entretanto, a diminuição das compras chinesas na semana jogaram contra a alta. De fato, a partir do dia 26/09 os chineses celebram a chegada do outono e as festividades vão até o início de outubro.

Paralelamente, a colheita nos EUA chegou a 10% da área até o dia 24/09, contra 12% na média histórica. Por sua vez, o mercado esperava o relatório de estoques , previsto para o dia 29/09 (sexta-feira).

No geral, o mercado não aposta em altas em Chicago nas próximas semanas diante da pressão da colheita, salvo se houver alguma mudança importante nos volumes projetados. Por enquanto, as informações procedentes da colheita estadunidense são muito variadas, com áreas colhendo acima de 70 sacos/hectare e outras abaixo dos 40 sacos. Ao mesmo tempo, as condições das lavouras a colher voltaram a registrar 60% entre boas a excelentes, ganhando um ponto percentual sobre as semanas anteriores.

Assim, uma posição mais definitiva do mercado deverá surgir apenas quando a colheita chegar ao redor de 60% da área.

Em termos mais conjunturais, as vendas líquidas de soja por parte dos EUA, na semana encerrada em 14/09, chegaram a 2,34 milhões de toneladas para o atual ano comercial 2017/18, iniciado em 1º de setembro. Tal volume ficou bem acima do esperado pelo mercado, ajudando a manter as cotações nos atuais níveis.

Mas a elevação do dólar esfriou parcialmente o mercado, pois a mesma tira competitividade do produto estadunidense. Tal elevação se deu em função de que o Banco Central dos EUA ter sinalizado de que os juros estadunidenses poderão ser elevados ainda neste ano e outras três altas deverão ocorrer no ano que vem.  

Outro fator que ajudou a esfriar em parte o mercado foi a previsão de chuvas para as regiões produtoras brasileiras. Por enquanto, essa parte climática ainda está muito incipiente e causa preocupação, especialmente no Centro-Oeste, Sudeste e no Paraná.

Já pelo lado da demanda a China anunciou ter comprado, em agosto, 8,45 milhões de toneladas de soja, aumentando em 10,1% o volume comprado em igual mês de 2016. Em todo o ano, os chineses já compraram 63,3 milhões de toneladas, com aumento de 15,8% sobre igual período do ano anterior. O Brasil foi o principal fornecedor chinês, em agosto, com 6,08 milhões de toneladas, ou seja, um crescimento de quase 23% sobre o mesmo mês de 2016. No acumulado de 2017 os chineses já compraram 36,9 milhões de toneladas de soja brasileira, com aumento de 15,5% sobre igual período do ano anterior. Ou seja, de toda a soja que a China comprou neste ano, o Brasil participou com 58,3%. Dos EUA, os chineses compraram 19,7 milhões de toneladas em 2017, com aumento de 18,5% sobre igual momento do ano anterior. Dito isso, na China, neste momento, as margens de lucro no esmagamento da soja continuam sofrendo pressão pela dificuldade de impulsionar o consumo de farelo e óleo de soja no mercado asiático. Apesar disso, a indústria esmagadora chinesa continua importando níveis recordes de soja, podendo chegar entre 8 a 9 milhões de toneladas em setembro (cf. Safras & Mercado).

Aqui, no Brasil, o câmbio melhorou um pouco e o Real chegou a bater em R$ 3,19 durante a semana. Com isso houve mais negócios na exportação, animando um pouco o mercado local, pois os preços melhoraram um pouco igualmente. A média gaúcha no balcão fechou a semana em R$ 61,39/saco, enquanto os lotes ficaram entre R$ 66,00 e R$ 66,50/saco. Nas demais praças nacionais os lotes oscilaram entre R$ 56,50/saco em Sorriso (MT) e R$ 69,00/saco em Campos Novos (SC), passando por R$ 67,00 em Pato Branco (PR); R$ 63,00 em Pedro Afonso (TO); R$ 64,50 em Uruçuí (PI); R$ 60,00 em Chapadão do Sul e São Gabriel (MS); e R$ 60,50/saco em Goiatuba (GO).

Vale ainda destacar que as exportações brasileiras de soja continuam muito boas, com os compromissos de venda já 22% acima do ano passado.
 

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