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Cotações do milho em Chicago ensaiam pequena recuperação

Mercado trabalhou parte da semana influenciado pela melhora do clima


As cotações do milho em Chicago, após ensaiarem uma pequena recuperação nos dias que antecederam o relatório de oferta e demanda do USDA, chegando a bater em US$ 3,72/bushel na véspera do relatório, recuaram após o anúncio do mesmo e fecharam o dia 10/08 (quinta-feira) em US$ 3,57/bushel, contra US$ 3,63 uma semana antes.

O mercado trabalhou parte da semana influenciado pela melhora do clima e, particularmente, pela possibilidade de redução na projeção de safra dos EUA, a ser anunciada no relatório do USDA.

Neste último caso, analistas privados internacionais esperavam uma colheita de 351,7 milhões de toneladas nos EUA, contra 362,2 milhões anunciados em julho e bem abaixo do realmente colhido na última safra que foi de 384,9 milhões de toneladas. A produtividade média seria de 10.422 quilos/hectare, enquanto os estoques finais para o final do corrente ano 2016/17 ficariam em 60,1 milhões de toneladas e para 2017/18 chegariam a 50 milhões, contra 59,1 milhões de toneladas indicados em julho.

O relatório acabou indicando os seguintes números:

1)    A produtividade média ficou projetada em 10.642 quilos/hectare, portanto acima do esperado pelo mercado, embora um pouco abaixo dos 10.718 quilos indicados em julho;
2)    A produção estadunidense de milho em 2017/18 passa a ser estimada em 359,6 milhões de toneladas, bem acima do esperado pelo mercado, porém, abaixo do indicado em julho;
3)    Os estoques finais nos EUA, para 2017/18, foram reduzidos para 57,8 milhões de toneladas, porém, acima do esperado pelo mercado;
4)    O patamar de preços médios aos produtores dos EUA, para o ano 2017/18, diante disso, ficou mantido entre US$ 2,90 e US$ 3,70/bushel;
5)    A produção mundial de milho foi estimada em 1,033 bilhão de toneladas, contra 1,037 em julho e 1,070 bilhão um ano antes;
6)    A produção da Argentina e do Brasil ficou respectivamente estimada em 40 e 95 milhões de toneladas para 2017/18;
7)    As exportações da Argentina e do Brasil estão estimadas respectivamente em 28,5 e 34 milhões de toneladas.

Paralelamente, o USDA informou que até o dia 06/08 as condições das lavouras de milho nos EUA indicavam 60% entre boas a excelentes (recuo de um ponto percentual em relação a semana anterior), 27% regulares e 13% entre ruins a muito ruins.

Na Argentina, a tonelada FOB subiu para US$ 153,00 no fechamento desta semana de agosto, enquanto no Paraguai a mesma permaneceu em US$ 100,00.

Aqui no Brasil, os preços médios do milho se mantiveram estáveis, com viés de baixa mais uma vez diante da enorme oferta que vem se consolidando com a colheita da safrinha. O balcão gaúcho fechou a semana em R$ 22,34/saco, enquanto os lotes ficaram entre R$ 27,50 e R$ 28,00/saco. Nas demais praças nacionais os lotes oscilaram entre R$ 13,00/saco em Sorriso (MT) e R$ 28,00/saco em Concórdia e Videira (SC).

Por outro lado, a Sorocabana paulista trabalhou ao redor de R$ 22,50/saco, enquanto o referencial Campinas passou a ser pressionado pela crise na logística paulista, com o saco subindo para R$ 25,50 a R$ 26,00 no CIF disponível, e no porto de Santos surgiram negócios ao redor de R$ 29,00/saco para agosto e setembro.

De fato, a enorme safrinha que vem entrando encontra sérios problemas de estocagem e de transporte (neste último caso, a greve dos caminhoneiros potencializou o problema nesta semana). Isso faz com que o produto, abundante nas regiões produtoras, não chegue adequadamente no porto, forçando um descolamento de preços neste último caso. Mesmo assim, parece difícil que tal situação permita um crescimento aceitável nas exportações.

Por enquanto, nos seis primeiros meses do ano de 2017 o Brasil exportou 3,2 milhões de toneladas de milho, contra 12,3 milhões em igual período de 2016. Por sua vez, somando julho e a primeira semana de agosto, as exportações brasileiras em 2017 alcançam os mesmos 3,2 milhões de toneladas de todo o primeiro semestre, demonstrando que há uma nítida aceleração nas vendas externas do cereal. Em 2016, a soma de julho com a primeira semana de agosto resultou em um volume exportado de 1,27 milhão de toneladas. Todavia, diante da enorme produção nacional, esta recuperação nas vendas externas ainda é insuficiente para dar conta dos elevados estoques que se desenham para o final deste ano.

Senão vejamos: diante de uma safrinha que deverá atingir ao redor de 70 milhões de toneladas, a safra total brasileira de milho, em 2017, está sendo estimada em 110,5 milhões de toneladas, contra 70,8 milhões do ano de 2016. Ou seja, são praticamente 40 milhões de toneladas a mais neste ano. As exportações em 2017 estão sendo esperadas em 35,5 milhões de toneladas, contra apenas 14,8 milhões no ano passado. Mesmo assim, os estoques finais de milho no Brasil terminariam 2017 em 20,3 milhões de toneladas, contra apenas 5,7 milhões em 2016 (cf. Safras & Mercado). Dá para imaginar o tamanho dos estoques finais caso o país não consiga, como parece ser o caso, exportar o volume previsto de milho neste ano. Diante de tal quadro, não há como os preços do cereal subirem neste restante de ano e mesmo para a safra de verão a ser colhida no início de 2018.

Quanto a colheita da safrinha, até o dia 28/07 a mesma chegava a 51% no Centro-Sul brasileiro, contra 73% na mesma época do ano passado. O Paraná havia colhido 46%, contra 72% no ano anterior; São Paulo 27%, contra 68%; Mato Grosso do Sul 34%, contra 65%; Goiás 45%, contra 70%; Mato Grosso 68%, contra 85%; e Minas Gerais 21%, contra 35% (cf. Safras & Mercado).

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