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Manga que não deixa fiapos é a fruta que mais rende dólares ao Brasil

Variedades palmer, kent e keitt são preferidas por ter menos fibras, ao contrário da variedade tommy


Considerada fruta exótica no mercado internacional até há pouco tempo, a manga ganha cada vez mais popularidade nas frutarias da Europa e isso significa mais dólares no bolso dos produtores brasileiros.

Estudo do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea/USP) mostra que nos últimos três anos, entre as frutas exportadas pelo Brasil, a manga foi tricampeã na geração de receitas. Em 2016, os europeus gastaram US$ 169 milhões em mangas tupiniquins, produzidas principalmente no Vale do São Francisco, entre a Bahia e Pernambuco. 

Chama a atenção o fato de que, além de registrar aumento de consumo, a manga “pegou preço” no mercado europeu, passando a ser encontrada no pequeno varejo e não apenas nas grandes redes de supermercados. De 2011 a 2016, o volume importado pela União Europeia subiu apenas 32,5%, enquanto, em valor, a elevação foi de 90,52% - indicando que o preço médio da fruta aumentou consideravelmente.

O Brasil está entre os 10 maiores produtores mundiais de manga – estave no 6º lugar no ranking da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) em 2014 (último ano com dados disponíveis). Entre 20% e 25% do volume produzido pelo Vale do São Francisco é vendido ao mercado internacional e, desta quantidade, 74% foram destinados para a União Europeia na média dos últimos cinco anos, de acordo com a Secretaria de Comércio Exterior (Secex).

A União Europeia tem preferência por variedades menos fibrosas – entre elas, palmer, kent e keitt, produzidas no Brasil. Para atender ao gosto dos fregueses, o cultivo da variedade tommy foi reduzido. No Norte de Minas, praticamente só se cultiva manga palmer e, no Vale do São Francisco, essa variedade já equivale a praticamente metade da área plantada.

Apesar dos números positivos, o Brasil perdeu participação nas importações europeias. Enquanto o volume total comprado pelo bloco entre 2006 e 2016 subiu 58%, as importações do Brasil subiram apenas 34,9%. O país cedeu mercado ao Peru e à Costa do Marfim, que aumentaram em 113,9% e 109,7% seus envios no mesmo período, respectivamente. Conta a favor dos concorrentes a isenção da tarifa de importação, enquanto o Brasil paga tarifas comuns que, no caso da Holanda, principal porto de entrada, é de 6%.

Os analistas do Cepea/USP Rogério Bosqueiro Junior e Fernanda Palmieri dizem que, para ampliar a competitividade da manga brasileira no exterior, “é imprescindível que produtores e exportadores da fruta se mantenham informados sobre as características desses mercados, sobretudo no que se refere à estrutura de distribuição, níveis de exigência e hábitos de consumo”.

Além de ser o principal fornecedor de manga à União Europeia há mais de uma década, o Brasil se destacou em 2016 no envio de melão para o bloco europeu (47% das compras externas da fruta). A Associação Brasileira dos Produtores e Exportadores de Frutas e Derivados (Abrafrutas) acredita que em 2019 as exportações de frutas brasileiras atingirão a marca histórica de US$ 1 bilhão, contra uma receita atual de US$ 662 milhões/ano. A estratégia é aumentar as vendas para os países compradores já consolidados, sem descuidar da abertura de novos mercados.

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