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Cotações da soja oscilaram bastante nesta semana

No final, o fechamento da quinta-feira (19) ficou em US$ 16,90/bushel, contra US$ 16,60 uma semana antes


Foto: Divulgação

As cotações da soja oscilaram bastante, mais uma vez, nesta semana em Chicago. No final, o fechamento da quinta-feira (19) ficou em US$ 16,90/bushel, contra US$ 16,60 uma semana antes. A registrar que o farelo de soja, após chegar a romper com o piso dos US$ 400,00/tonelada curta, em Chicago, nas últimas semanas, subiu fortemente nesta quinta-feira,19/05, atingindo a US$ 425,30, enquanto o óleo acabou recuando nesta semana, rompendo o piso dos 80 centavos de dólar por libra-peso, ao fechar o dia 19/05 em 79,53 centavos, no primeiro mês cotado, valor que não era visto nos últimos 30 dias.

O mercado continua muito atento ao comportamento do clima nas regiões produtoras dos EUA, onde o plantio ainda está abaixo da média histórica para esta época. Além disso, a continuidade da guerra entre Rússia e Ucrânia, e os lockdowns na China, devido aos novos surtos de Covid, igualmente são pontos de preocupação. No caso chinês, circulam informações que a economia chinesa voltaria a abrir, mesmo que parcialmente, a partir de 1º de junho, porém, não há informações oficiais a respeito.

No que diz respeito ao plantio da nova safra nos EUA, até o dia 15/05 o mesmo atingia a 30% da área esperada, contra 58% na mesma época do ano passado e 39% na média histórica. Cerca de 9% das lavouras já haviam germinado naquela data, contra 12% na média histórica para a data. Por sua vez, na Índia, as importações de óleo de palma subiram 6% em abril, sobre março, devido a elevação de preço dos óleos concorrentes de soja e girassol. Em abril, as importações indianas de óleo de palma somaram 572.508 toneladas, enquanto as de óleo de girassol recuaram para 54.426 toneladas (menos cerca de 75% em relação a março). Já as compras externas de soja recuaram perto de 9% no período, ficando em 273.151 toneladas em abril. Em maio espera-se um recuo igualmente do óleo de palma, pois a Indonésia proibiu suas exportações do produto.

Dito isso, em termos do grão de soja, tem-se que a soja dos EUA, no momento, está entre 10 a 20 centavos de dólar por bushel mais barata que a brasileira, para embarques a partir de agosto próximo. Já entre junho e julho a soja brasileira é mais barata. Neste contexto, a China ainda precisa comprar 10 milhões de toneladas de soja para embarques entre julho e setembro. (cf.Agrinvest Commodities) 

É bom lembrar que, neste ano, as compras chinesas de soja estão em ritmo mais lento, e mais dividida entre Brasil e EUA devido a quebra da última safra brasileira. Assim, as compras da China nos Estados Unidos, para o ano comercial 2022/23, estão mais fortes do que há um ano. De forma geral, a julgar pelo último relatório de oferta e demanda do USDA, as importações de soja por parte da China tendem a ser as mais elevadas desde 2019/20, pois a peste suína africana estaria bem mais controlada no país asiático neste momento.

E aqui no Brasil, com o câmbio voltando abaixo dos R$ 5,00 por dólar, ao trabalhar na última metade da semana entre R$ 4,95 e R$ 5,00, os preços praticamente se estabilizaram, pois houve melhoria dos prêmios nos portos nacionais e a manutenção de cotações elevadas em Chicago. Mesmo assim, a média gaúcha no balcão recuou um pouco, ficando em R$ 185,98/saco, enquanto nas demais praças o saco do produto oscilou entre R$ 167,00 e R$ 179,00/saco.

Houve revisão no potencial exportador de soja pelo Brasil, neste ano, com o mesmo ficando, agora, em 74,5 milhões de toneladas, contra 86,1 milhões em 2021. Com isso, haverá um recuo de 13% neste ano sobre o ano anterior. Em fevereiro esperava-se vendas externas de 78 milhões de toneladas. Já o esmagamento de soja ficaria em 47,9 milhões em 2022, enquanto nosso país deverá ainda importar 1,1 milhão de toneladas de soja, ou seja, 27% acima do que foi importado em 2021. A oferta total de soja, no Brasil, no corrente ano deverá cair 10%, ficando em 127,95 milhões de toneladas. A demanda total está projetada em 125,4 milhões, recuando 9% sobre 2021, fato que coloca os estoques finais brasileiros em recuo de 44% neste ano, chegando a 2,55 milhões de toneladas. Em termos de farelo de soja, espera-se uma produção de 36,87 milhões de toneladas, praticamente repetindo o ano anterior.

As exportações deverão subir 6% para 18,2 milhões de toneladas, enquanto o consumo interno está projetado em 18,3 milhões, caindo 5%. Os estoques deste subproduto deverão subir 20%, ficando em 2,25 milhões de toneladas. Já em óleo de soja a produção deverá aumentar 1%, para 9,73 milhões de toneladas. O Brasil deverá exportar 1,85 milhão de toneladas, com ganho de 12% sobre o ano anterior. O consumo interno deve subir 1%, para 8 milhões de toneladas. O uso para biodiesel deve baixar 2%, para 4,1 milhões de toneladas. A previsão é de estoques finais de óleo de soja recuando 12%, ficando em 583.000 toneladas aqui no país. 

Por sua vez, a Anec projeta, para maio, exportações de soja pelo Brasil em um total de 11,5 milhões de toneladas, aumentando em quase um milhão de toneladas a estimativa feita na semana anterior. Já os embarques de milho devem alcançar 1,26 milhão de toneladas neste mês, em comparação com 927.209 toneladas estimadas na semana anterior. Enfim, ainda segundo a Anec, a exportação de farelo de soja pelo Brasil chegaria, agora, a 2 milhões de toneladas. A Associação ainda estima que, em maio, nosso país exportará 104.720 toneladas de trigo.

Vale ainda apontar que a Cargill anunciou, nesta semana, que projeta construir uma nova unidade de processamento de soja no Estado do Missouri (EUA). A referida instalação terá capacidade de produção anual para 62 milhões de bushels de soja. O início do projeto foi antecipado para o próximo ano e a expectativa é que a operação comece em 2026. A mesma estará localizada às margens do rio Mississippi, devendo funcionar durante todo o ano. O Estado do Missouri, atualmente, é o sexto em produção de soja nos Estados Unidos, sendo que a Cargill está presente na região desde 1936. 

Enfim, estudo da Fecoagro, divulgado na semana passada, apontou que, para a futura safra gaúcha de soja, 2022/23, o produtor terá que pagar o fertilizante com um preço 103,4% maior do que na última safra. Somente para cobrir este custo o produtor gaúcho precisará de 13,3 sacos de soja por hectare, contra 7,9 sacos na safra anterior, a partir do preço médio de março passado. Somente entre fevereiro e março do corrente ano, o fertilizante subiu 29,6%, puxado pelos efeitos da guerra da Rússia contra a Ucrânia. Assim, em relação às importações deste insumo, o efeito negativo da guerra, até o momento, retirou o ganho que se obtém com a valorização do Real sobre o dólar, nestes primeiros meses do ano. Em termos de rentabilidade final, a tendência, segundo a entidade, é de uma queda de 20,4% na soja na próxima safra. E para cobrir os custos totais da soja será necessário 32,8% a mais de produto, ou seja, 38,6 sacos/hectare, enquanto para os custos variáveis será preciso 26,8 sacos/hectare.

Os dados são da Central Internacional de Análises Econômicas e de Estudos de Mercado Agropecuário - CEEMA

 

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