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Trigo estadunidense continua sem competitividade no mercado mundial

O Brasil importaria um total de 7,5 milhões de toneladas de trigo no corrente ano comercial.


As cotações do trigo, após recuarem para níveis somente vistos em meados de janeiro de 2018 (o primeiro mês cotado bateu em US$ 4,22/bushel), recuperaram-se no final da corrente semana, com o bushel fechando o dia 14/03 em US$ 4,48 para o primeiro mês cotado, contra US$ 4,31 uma semana antes.

O trigo estadunidense continua sem competitividade no mercado mundial, com as vendas líquidas do produto, referentes ao ano comercial 2018/19, iniciado em 1º de junho, atingindo apenas 621.700 toneladas na semana encerrada em 28/02. Já as inspeções de exportação atingiram  a 592.001 toneladas na semana encerrada em 07/03, acumulando desde o início do atual ano comercial, em 1º de junho, um total de 17,6 milhões de toneladas, contra 18,7 milhões no acumulado do ano anterior nesta mesma época.

Por sua vez, o relatório do USDA, informado no dia 08/03, foi neutro para o mercado do cereal. O mesmo confirmou uma safra estadunidense de 51,3 milhões de toneladas em 2018/19, com estoques finais um pouco maiores, chegando a 28,7 milhões. Já a produção mundial seria de 733 milhões de toneladas, com estoques finais mais elevados, atingindo a 270,5 milhões. A produção brasileira teria ficado em 5,4 milhões de toneladas, enquanto a da Argentina bateu em 19,5 milhões. O Brasil importaria um total de 7,5 milhões de toneladas de trigo no corrente ano comercial.

Em meados da semana as cotações registraram um repique de alta, diante de sinais de que o mercado estaria sobrevendido em Chicago, devendo levar a um movimento de recompra de contratos. Ao mesmo tempo, haveria agora excesso de umidade nas Planícies produtoras estadunidenses, com riscos à germinação do trigo de primavera, além da possibilidade de perdas na safra deste produto. Neste repique, o bushel ganhou mais de 20 pontos apenas no dia 12/03, diante de compras técnicas puxadas pelos pontos acima descritos.

Entretanto, a realidade do mercado continua pressionando as cotações diante da grande oferta mundial, confirmada no relatório do USDA. Tanto é verdade que o movimento de alta não se sustentou e Chicago voltou a recuar no restante da semana. 

No Mercosul, a tonelada de trigo para exportação girou entre US$ 220,00 e US$ 225,00 na compra, sendo que a safra nova recuou para US$ 180,00 na Argentina.

E no Brasil, os preços do cereal pouco se alteraram. O balcão gaúcho fechou a semana na média de R$ 41,38/saco, enquanto os lotes ficaram em R$ 48,00/saco. No Paraná, o balcão se manteve em R$ 50,00, enquanto os lotes permaneceram entre R$ 54,00 e R$ 55,20/saco. Já em Santa Catarina, o balcão continuou entre R$ 42,00 e R$ 43,00/saco, enquanto na região de Campos Novos os lotes ficaram em R$ 51,00.

Em nosso país, os moinhos continuam com estoques importantes, não havendo demanda imediata pelo produto nacional restante. Espera-se que os mesmos voltem às compras nas próximas semanas. Todavia, se vierem, será principalmente em busca do trigo importado, o qual está com preços baixos. Apenas uma desvalorização consistente do Real poderá impedir este movimento ou provocar, a partir do mesmo, uma alta nos preços internos do cereal. Assim, também aqui o câmbio será chave para definir o caminho dos preços do trigo nacional nas próximas semanas e mesmo meses.

De forma geral, os preços internos do trigo continuam balizados pelo comportamento do mercado argentino e dos preços de importação do cereal procedente do vizinho país. Neste sentido, segundo o governo argentino, o país teria exportado, até o final de fevereiro, um total de 6,33 milhões de toneladas, as indústrias locais compraram 1,89 milhão e a produção local seria de 19,2 milhões. Somando-se os estoques iniciais, de 1,57 milhão de toneladas, a Argentina teria 12,6 milhões de toneladas disponíveis neste meados de março. Considerando que os moinhos locais ainda precisarão comprar 4,2 milhões de toneladas, e que 1,5 milhão de toneladas deverá ficar para estoques finais, o vizinho país ainda teria 6,9 milhões de toneladas para exportar (a partir de dados de Safras & Mercado). Este número segura os preços no Brasil, pois oferece garantias de abastecimento para os próximos meses, sem falar nas aquisições do Paraguai e do Uruguai, além de outros países.

Neste contexto, destaca-se que o Brasil tem importado muito trigo nestes últimos meses. Entre agosto/18 (início do ano comercial do trigo nacional) e fevereiro/19 o país importou 4,09 milhões de toneladas, contra 3,16 milhões em igual período do ano anterior. Ou seja, praticamente um milhão de toneladas a mais. A Argentina foi o principal fornecedor do cereal, com 3,5 milhões de toneladas no período, correspondendo a 86,2% do total comprado, seguida do Paraguai com 315.000 toneladas, EUA com 155.000 toneladas, do Canadá com 63.000 toneladas e outras origens com 31.000 toneladas. 
 

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