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Desaceleração da economia global e desafios para o Brasil


Vinícius André de Oliveira

Atualmente, a economia global passa por turbulências e parece chegar ao fim um período de mais de 10 anos de crescimento médio de 3,8% ao ano. China, Estados Unidos e União Europeia são o foco e todos passam por desestabilizações.

A China, por exemplo, tenta manter o ritmo de crescimento conquistado nos últimos anos. O governo tem apostado em uma política fiscal expansionista e política monetária frouxa para forçar a economia em direção ao objetivo maior do governo, que é fazer da China um país de alta renda. Embora acredite-se que o país ainda possua remédios a utilizar em caso de maior aperto, a expectativa é de que o crescimento seja mais lento nos próximos cinco anos. Os níveis de escolarização na camada mais alta da educação tem crescido e, provavelmente, fará com que a mão de obra chinesa apresente mais qualidade contribuindo para o projeto de política industrial, que visa aumentar o valor agregado dos produtos e serviços. De qualquer forma, o fato é que a economia da China crescerá com mais qualidade, porém com uma intensidade menor. Além disso, existe o conflito com os Estados Unidos o que pode atrapalhar um pouco mais seu crescimento econômico.

Em relação à economia norte-americana não se vislumbra uma recessão no curto prazo, mas a taxa potencial de crescimento parece não ser muito boa. O país também aposta em política fiscal para estimular os fatores econômicos. A taxa de juros está fora da base zero, o que demonstra alguma folga para ser utilizada como ferramenta de política monetária e o FED está preparado para uma inflação um pouco mais elevada. Mesmo que um candidato democrata chegue à presidência em 2020, as políticas hoje estabelecidas, provavelmente, não serão afetadas. A maior economia do mundo tem recursos suficientes para evitar uma recessão e certamente não haverá mudanças radicais nos próximos anos independentemente de conflitos geopolíticos e desestabilizações sofridas por outros países.

A Europa, como nos casos anteriores, sofre também com a desaceleração econômica e a expectativa de crescimento para os próximos anos não é boa. Apesar disso, também possui algumas ferramentas para o enfrentamento de questões mais graves, como certa flexibilidade para utilizar política fiscal expansionista, mas os governos europeus apresentam conflitos o que impede o consenso em questões importantes e mais do que isso, diminui a celeridade das decisões no âmbito da União Europeia. A fragilidade da Europa com tensões geopolíticas é relativamente alta e o protecionismo europeu agrava a situação. Soma-se a esses fatores a questão do Brexit, que ainda não apresenta definição no curto prazo. E quais seriam os impactos sobre o Brasil dado o panorama global? Certamente, a economia brasileira pode passar por sérias dificuldades com esse cenário. 

Os maiores parceiros comerciais do Brasil são justamente esses. China é o maior, seguido por Estados Unidos e um pouco mais abaixo os países europeus. O país tenta colocar em prática um plano de ajuste fiscal e recuperação econômica e tem trabalhado intensamente para isso tentando aprovar reformas estruturais para tanto. 

 

A realidade do Brasil, infelizmente, é bem diferente dos países desenvolvidos e do caso chinês. Por aqui não existem muitas ferramentas para combater uma possível recessão e a desaceleração global com certeza irá colocar ainda mais tensão sobre as fragilidades da economia brasileira. E pior, o esforço descomunal feito nos últimos meses poderá ser dizimado em pouco tempo dependendo da intensidade e da velocidade da desaceleração. Independente disso, o Brasil tem dado passos importantes e a expectativa do crescimento do PIB para esse ano é de um número pequeno, mas positivo. (Conforme demonstra a figura)

Há muitas críticas sobre o governo Bolsonaro e, logicamente, existem ajustes a serem feitos em diversas áreas. Mas, o mais importante é que o país tenta se livrar do ranço populista de esquerda que dominou o cenário nas últimas décadas e que sempre deixa um rastro de pobreza e aumento de desigualdade por onde passa. O Brasil tenta não repetir os erros recentes da Argentina, por exemplo. Reforma da previdência, desestatização, investimento em infraestrutura e desburocratização – através, principalmente, da MP da Liberdade Econômica - para incentivo da criação de empregos são algumas das frentes trabalhadas pelo governo e que estão em andamento. A conquista do acordo Mercosul-União Europeia é outro exemplo de ponto positivo do governo, estagnado por mais de 20 anos. O ingresso na OCDE foi outro ponto muito importante. Com ele o Brasil se compromete a seguir políticas de mercado, o que deve atrair investidores. São medidas que buscam contribuir para que seja criado um cenário de apoio aos empreendedores, aos investidores e de abertura da economia e de parcerias com países de relevância internacional. A economia ainda não se recuperou na medida adequada, mas as atitudes que se esperam de um governo sério e baseado em uma economia de mercado já estão em andamento. 

Portanto, em que pese o avanço dos fatores exógenos, de certa forma imprevisíveis, e da intensidade dos conflitos nas maiores economias do mundo e da queda no crescimento global, o Brasil faz o possível para realizar sua tarefa de casa e se preparar para os movimentos globais no curto prazo.

    


    
    
 

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