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Cultivar com genética brasileira é lançada na Bolívia

Cultivar TBIO Mestre, que já está em multiplicação no país



O Dia Nacional do Trigo é o principal evento envolvendo a cultura do trigo na Bolívia. Hoje, o país produz apenas 30% da demanda total do cereal, de aproximadamente 700 mil toneladas anuais. O evento aconteceu nesta sexta-feira (21), em Okinawa I, no Centro Experimental da Cooperativa Caico I. Organizada pela Associação dos Produtores de Oleaginosas e Trigo (Anapo), a atividade reuniu mais de 2.500 produtores bolivianos.

Durante o dia Nacional do Trigo foi lançada oficialmente a cultivar brasileira TBIO Mestre, que já está em multiplicação no país. Segundo o gerente Regional Norte, responsável comercial pela Biotrigo Genética no país, Fernando Michel Wagner, o material possui características bem marcantes de alta resistência a climas mais secos e quentes, além de estar entre os trigos com maior nível de resistência à brusone do mundo. “A Bolívia é uma região mais árida, com volumes menores de chuva, o que limita um pouco as produtividades. A principal doença da cultura no país é a brusone e a grande motivação da empresa é estender a pesquisa na área apoiando o que outras instituições vem desenvolvendo na Bolívia, para que a cultura do trigo alcance melhores resultados”.

Exportando tecnologia

Classificado como trigo melhorador nas regiões mais quentes, TBIO Mestre tem um W (Força de Glúten) médio de 321 Joules, tendo como característica marcante um excelente balanço entre qualidade industrial e produtividade, sendo “Mestre” neste quesito. Tem ainda ciclo médio, porte médio e é classificado como moderadamente resistente a acamamento e à brusone, debulha e reação a solos com presença de Alumínio tóxico, sendo este último fator um dos mais importantes em regiões com menores volumes de chuva.

A exportação da tecnologia do Brasil para a Bolívia deve ajudar a sustentar a segurança alimentar no país. No ano passado foram semeados cerca de 100 mil hectares de trigo, que obtiveram um rendimento de 0,73 t/ha e um volume de produção de 73.200 toneladas. Os resultados, porém, foram afetados pela pior seca registrada no país em 25 anos, o que fez as produtividades caírem mais do que o normal. 

Em 2017, foram semeados 109 mil hectares de trigo e a perspectiva é de que, neste ano, os resultados de rendimento sejam melhores. Segundo o gerente de Planejamento e Gestão da Anapo, Jaime Hernandez Zamora, as variedades da Biotrigo estão sendo testadas na região há várias safras. O principal objetivo é melhorar a produtividade do cultivo no país. “As cultivares TBIO, como o Mestre, apresentam características de alto nível de resistência à seca e à brusone, que é a principal doença que afeta os cultivos no país”, explica.  

Fungo pode causar danos de até 100%

Entre as doenças que afetam a cultura do trigo, a brusone vem ganhando importância nos últimos anos e chamando a atenção dos produtores. Na América do Sul, além do Brasil, a doença tem maior ocorrência na Bolívia e Paraguai. Segundo o fitopatologista da Biotrigo Genética, Dr. Paulo Kuhnem, o fungo pode infectar todas as partes de trigo acima do solo, porém seu dano é maior quando chega a base da espiga, podendo causar danos de até 100%. “Devido ao seu potencial destrutivo é atualmente considerada uma importante praga quarentenária em países isentos do patógeno, como nos Estados Unidos”. 

A Biotrigo Genética acompanha atenta a evolução da doença em diversas partes do mundo participando de pesquisas na Bolívia, Paraguai e Estados Unidos, em um projeto para a procura de fontes de resistência à doença. “Testes já demostraram uma diferença significativa entre a resistência das cultivares TBIO testadas na pesquisa e as testemunhas disponíveis nestes países. Continuamos a cooperação neste projeto, realizando avaliações da reação à brusone das linhagens da Biotrigo em diferentes ambientes na Bolívia na contínua busca por novas fontes de resistência”, comenta Paulo.

A parceria firmada segue com a sequência nas avaliações de novas linhagens candidatas a lançamento tanto na Bolívia como no Paraguai. “O ganho tem sido grande e beneficia regiões brasileiras que historicamente sofrem com a doença. Ganham os bolivianos com a introdução de uma boa genética, que é líder na América Latina, e ganham os agricultores brasileiros com a troca de informações em um projeto de alto nível envolvendo o que há de mais avançado em pesquisa”, finaliza Wagner.

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