CI

Manejo das pragas do algodão com ótimos resultados, de acordo com especialistas

Solução eficiente ao algodão apesar de impactos climáticos


Foto: Divulgação

Panorama Geral de Pragas – Algodão Safra 2021/2022

 

Dr. Jacob Crosariol Netto

Dr. Guilherme Gomes Rolim

Entomologistas do Instituto Mato-grossense do Algodão - IMAmt

 

O Brasil semeou cerca de 1,6 milhão de hectares de algodão na safra atual, sendo o estado do Mato Grosso o maior produtor nacional, com cerca de 1,14 milhões de hectares cultivados, seguido pelo estado da Bahia, com aproximadamente 307,7 mil hectares. Juntos, estes dois estados correspondem a aproximadamente 90,4% do algodão nacional (CONAB, 2022).

 

A safra atual se caracterizou por altos volumes pluviométricos no primeiro trimestre do ano, impactando negativamente no desenvolvimento das raízes, e em algumas áreas pontuais, causando perda de estande, ou seja, reduzindo o número médio de plantas/hectare. Esse volume de chuvas trouxe algumas consequências positivas, reduzindo o ataque de pragas iniciais como: tripes, mosca-branca e lagartas que atuam nesse período, como, por exemplo, elasmo e Spodoptera frugiperda. Porém, nesse período, observou-se maior ocorrência do bicudo-do-algodoeiro (Anthonomus grandis) e do pulgão-do-algodoeiro (Aphis gossypii). Ambas as pragas, apesar de bem controladas, estiveram presentes em alta frequência em algumas regiões, desencadeando o aumento das intervenções químicas e das medidas adicionais de manejo.

 

Após esse primeiro trimestre, o volume de chuvas reduziu significativamente. Em consequência disso, algumas pragas começaram a aparecer em maior frequência, como, por exemplo: ácaro-rajado (Tetranychus urticae), lagartas do gênero Helicoverpa, além do aumento populacional do bicudo-do-algodoeiro. Aliado a isso, as plantas de algodoeiro que tiveram o enraizamento dificultado pelo alto volume de chuvas no 1° trimestre começaram a sentir a falta de água interferindo na maturação dos frutos.

 

Dentre as pragas mencionadas, com certeza o ácaro-rajado é o que mais cresceu em importância. Nos últimos cinco anos, essa praga apresentou crescimento significativo nas regiões de cultivo, impactando no aumento e na frequência de intervenções químicas para o controle.

 

Alguns fatores ajudam a explicar o crescimento de importância desta praga: os sistemas de cultivo adotados, no centro-oeste brasileiro, de “soja-algodão” e “soja-milho” tornam-se ambientes ideais o desenvolvimento desta praga, sendo um dos fatores as aplicações realizadas para o controle de percevejos, cigarrinha (em milho) e do próprio bicudo-do-algodoeiro (em algodão), aplicações estas compostas por produtos pouco seletivos como organofosforados, piretroides e neonicotinoides, sendo que, ainda, alguns desses inseticidas causam o efeito de hormoligose em populações de ácaros. Esse efeito altera as características das populações e acelera o ciclo de desenvolvimento desta praga.

 

Aliado a isso, o uso necessário de fungicidas (necessário para o controle de doenças) traz um efeito negativo no ambiente, eliminando fungos benéficos, como os fungos do gênero Neozygites. Esses fungos ocorrem de forma natural em ambientes mais equilibrados, e atuam no controle natural das populações de Tetranychidae.

 

Com o aumento da frequência da ocorrência de ácaros, naturalmente ocorreu o aumento do número de intervenções químicas para controle destas populações. No entanto, uma das principais moléculas utilizadas para o controle, a abamectina, não funciona como anteriormente. Isso nos dá indícios da presença de populações resistentes ou altamente tolerantes a esse ingrediente ativos, sendo assim, houve a necessidade do uso de outros ingredientes ativos, como Etoxazole, Diafentiuron e Propargite.   

 

O grande problema é que, para o manejo dessa praga, há poucos ativos disponíveis para rotação, havendo assim a necessidade de novos ativos registrados para o controle, e que possam nos auxiliar em programas mais efetivos de manejo da praga e manejo de resistência.

 

Nesse sentido, atualmente, a IHARA fez o lançamento de Chaser EW (Tolfenpirade), que conta com um novo modo de ação. Esse produto é um hidrocarboneto aromático naftalênico, atuando como inseticida, acaricida e fungicida com ação de contato.

           

Em trabalhos recentes realizados pelo Instituto Mato-Grossense do Algodão, IMAmt, Chaser EW demonstrou resultados interessantes, principalmente para o controle do pulgão-do-algodoeiro e do ácaro-rajado, além de auxiliar no manejo de ramularia e bicudo-do-algodoeiro.

 

Dentre as pragas registradas, Chaser EW veio de encontro com necessidade e apresentou ótimos resultados para o controle do ácaro-rajado, se tornando uma alternativa essencial em programas de manejo de resistência da praga. Nos últimos anos, fizemos uma série de trabalhos com esta molécula pregando sempre pela boa distribuição de gotas, por ter ação de contato, e em todos os trabalhos Chaser EW demonstrou alta eficiência de controle para essa praga.

 

É importante salientar que Chaser EW não deve ser uma solução única e, para bom funcionamento, há a necessidade de um programa estruturado de manejo, pregando a utilização de inseticidas e acaricidas com diferentes modos de ação e em doses registradas, evitando a seleção de populações resistentes que impactam diretamente em dificuldades no Manejo Integrado de Pragas.      

 

Assine a nossa newsletter e receba nossas notícias e informações direto no seu email

Usamos cookies para armazenar informações sobre como você usa o site para tornar sua experiência personalizada. Leia os nossos Termos de Uso e a Privacidade.