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Setores discutem futuro das fibras com Covid-19

Debate on-line reuniu autoridades das fibras naturais, têxteis e sintéticas


Foto: Embrapa

O fortalecimento das cadeias produtivas, desde a matéria-prima até a confecção, foi avaliado como a melhor medida para retomar os setores ligados à fibras naturais, têxteis e artificiais quando a pandemia de Covid-19 passar. Os participantes elencaram a redução do chamado “custo Brasil” e mecanismos de proteção à concorrência desleal como fatores prioritários.

O encontro on-line que aconteceu nesta terça-feira (19) reuniu o presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa), Milton Garbugio, representou o setor de fibras naturais, o presidente da Associação Brasileira da Industria Têxtil e de Confecções (Abit), Fernando Pimentel e o presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Fibras Artificiais e Sintéticas (Abrafas) Lineu Jorge Frayha, junto  do conselheiro da mesma entidade, Renato Boaventura, que falaram, respectivamente, pelos produtores de poliéster e poliamida.

 O presidente da Abrapa lembrou que, ao contrário das fibras artificiais e sintéticas, o algodão precisa ser cultivado, o que exige planejamento e obediência a um calendário agrícola. “Para termos algodão, precisamos de pelo menos 18 meses entre planejar e produzir. Isso nos deixa um tanto vulneráveis pois não sabemos quando tudo isso vai passar. A indústria nacional praticamente parou. O consumo mundial vai reduzir. Acredito que valorizar a indústria nacional e o produto brasileiro, de qualidade e sustentável, será essencial para puxar essa demanda”, afirmou.

Renato Boaventura considera que é preciso garantir a integração. “Se hoje dependêssemos de importação, as coisas seriam ainda piores. Já perdemos elos da cadeia como o da produção de viscose. Não podemos deixar que outros se percam”, afirmou. Os representantes de poliéster e poliamida enfatizaram a queda no preço do petróleo, base da fabricação destes produtos, e a posição da China na produção mundial como desvantagens para o setor neste momento. “Competir com a China e os países asiáticos é um trabalho hercúleo. A China detém 70% da produção mundial e tem incentivos governamentais para a exportação de seus produtos acabados. Nosso governo tem de entender a importância de reduzir o custo Brasil, que hoje para nós é maior até que as eventuais barreiras tarifarias de que dispomos para proteger a nossa indústria”, disse.

 Ainda em relação à China, Garbugio evidenciou que o país é um grande comprador, mas também um grande produtor de algodão. “É difícil competir com quem tem mão de obra e energia mais baratas, além de subsídios governamentais. Precisamos, no Brasil, de garantir meios para que o investidor acredite no país para colocar o seu dinheiro”.

Todos os setores representados avaliaram que o consumidor pós-Covid 19, empobrecido e receoso, vai prestar ainda mais atenção a critérios como qualidade e durabilidade, no momento em que voltar a comprar roupas e outros itens têxteis. “Ele também vai estar mais atento à sustentabilidade”, disse Garbugio.

Os participantes também evidenciaram a necessidade de valorização da indústria nacional e do produto feito no Brasil. “Isso vai além de uma etiqueta de origem, que demanda uma série de processos e rastreabilidade. Trata-se de um sentimento de que é preciso fortalecer o que é nosso, gerar empregos e melhorar a vida das pessoas”, afirmou Pimentel.

* Com informações da Abrapa
 

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