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O consumo interno e o trabalho (I)


Argemiro Luís Brum

O gasto das famílias em relação ao PIB é de 64,5% no Brasil. Portanto, a economia brasileira, para se recuperar adequadamente, depende de uma melhoria substancial no consumo interno. Ora, isso não ocorrerá caso o país mantenha 2/3 de sua população em nível de baixa renda. E a pandemia em 2020 cristalizou esse problema.

Bastou destinar uma pequena parcela de renda à população marginalizada, sob forma de auxílio emergencial, que o consumo cresceu significativamente. Mas tal recuperação se deu graças ao dinheiro público. E não há mais dinheiro para assim continuar, sem antes o país fazer uma profunda e imediata reforma administrativa, seguida de uma reforma tributária distribuidora de renda, e outros ajustes. Ao mesmo tempo, é preciso qualificar rapidamente nossa mão de obra.

A falta disso colocou 41,6% dos trabalhadores brasileiros na economia informal ainda em 2019. Dá para imaginar o percentual de trabalhadores nesta situação neste momento, passados oito meses de pandemia. Ora, estes trabalhadores possuem uma renda muito baixa, além de instável, fato que impede um consumo sustentado e crescente (em 2018, segundo o IBGE, 104 milhões de brasileiros viviam com uma renda mensal média de apenas R$ 413,00).

E a economia nacional padece da falta deste impulso. Por enquanto, compensou tal situação vendendo para o mercado externo, porém, isso não é suficiente nem em épocas normais, fato que explica em grande parte a década perdida 2011-2020. Para complicar o quadro, a força de trabalho jovem, que é o presente e o futuro de nossa economia, não consegue melhorar de vida. Segundo a FGV a população na faixa etária entre 20 e 24 anos no Brasil, que não trabalha e nem estuda, já atingia a 35,2% no segundo trimestre de 2020. O maior patamar já visto em nossa história. Na faixa entre 25 e 29 anos o percentual era de 33%. Pior: os jovens nestas faixas de idade acreditam não ter perspectiva de ascender socialmente pelo trabalho. E uma Nação, sem perspectiva de melhoria futura, só tende a afundar. (segue)

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