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Lideranças apontam profissões em alta no agro

A intensa profissionalização do setor abriu caminhos para outras profissões


Foto: Pixabay

O ano de 2020 foi de reinvenção em muitas profissões. O agronegócio seguiu com força impulsionado por uma boa safra e abertura de mercados. Mas e como será 2021 e 2022 para o mercado de trabalho do agronegócio?

O movimento setorial Todos a Uma Só Voz, que surgiu para conectar o agronegócio e o consumidor final, fez algumas análises de que funções devem estar em alta no biênio, ainda indefinido por causa da pandemia. 

Mesmo com alguns segmentos ainda sofrendo os impactos, o setor segue contratando. Agroindústria e setor primário foram as áreas de atuação que mais abriram vagas no segundo trimestre de 2020, de acordo com o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da ESALQ/USP. “Muita gente começou um trabalho novo durante a pandemia, e o agro só conseguiu se destacar porque hoje participa desta dianteira do uso da tecnologia no país. Algumas atividades não podem ser feitas em home office e outras se reinventaram, porque o brasileiro é criativo no meio da crise”, comenta Ricardo Nicodemos, vice-presidente da Associação Brasileira de Marketing Rural (ABMRA).

Outro segmento em potencial é o de proteínas. Nicodemos acredita que o maior consumo também traz um consumidor exigente e isso vai criar novos tipos de trabalho no agro. “Acredito que a participação de engenheiros agrônomos vai conviver ainda mais com outras engenharias como a de alimentos e de produção, além dos profissionais de Inovação e P&D. No Brasil, esse ramo é especialmente interessante por conta dos desafios de logística e supply chain”, ressalta.

A intensa profissionalização do setor abriu caminhos para outras profissões que não eram vistas no campo como, por exemplo: o vendedor de produtos passou a atuar como uma espécie de influenciador, fazendo uma venda consultiva que tende a se ampliar, assim como os portfólios de produtos e serviços. “Também por isso, acredito que vamos ver uma atuação maior do PMO (Project Management Office), que é a equipe ou pessoa responsável por projetos, fenômeno que em outros setores econômicos já se tornou realidade”, complementa.

Também devem ter mais espaço profissões que estão na base do agronegócio como engenheiros agrônomos, médicos veterinários e zootecnistas. “Estes profissionais vão seguir em alta, mas o que muda é a forma de atuação. Os novos alcances da tecnologia e velocidade dos negócios exigiram de todos um papel de gestor: de tempo, de pessoas, de insumos etc. Esse novo peso das profissões no agro também vai pedir que os profissionais de tecnologia que atuam com o campo sejam mais estratégicos, o que deve abrir novas posições com melhor remuneração no agronegócio”, analisa Luciana Florêncio, PhD em Economia e Professora de Pós-Graduação da ESPM.

O foco no resultado de curto prazo deverá ser substituído por compromissos de horizonte alongado que se traduzam em parceria e alianças estratégicas entre vendedores e clientes, entre empresas e seus consumidores. “Neste sentido, todos os setores demandarão profissionais com olhar estratégico e ações coordenadas entre os elos das cadeias. Entraremos, finalmente, na era da co-criação de valor no agronegócio e no foodservice”, salienta Luciana.

Os especialistas também apontam que estarão em alta profissões que ajudem a traduzir a linguagem do campo para o consumidor final. “Alguns temas devem atrair mais a atenção para o trabalho no campo como bem-estar animal, sustentabilidade e qualidade dos alimentos”, aponta Ana Vaz, embaixadora do Capitalismo Consciente e Food Business Designer.
 

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