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Os preços mundiais do arroz permanecem em alta

Em maio, os preços mundiais do arroz aumentaram em média de 2,5% num mercado ativo


Foto: Pixabay

Em maio, os preços mundiais do arroz aumentaram em média de 2,5% num mercado ativo. A demanda de importação continua forte, principalmente no Sudeste Asiático, Médio Oriente e África Subsaariana. No início de junho, os preços encontravam-se firmes, mas ainda inferiores de 4% em relação a 2021 na mesma época. Diante as tensões e incertezas geopolíticas nos principais mercados de cereais, os importadores de arroz procedem a compras de precaução. Já os exportadores aumentam os estoques exportáveis antecipando novas demandas, o que contribui a pesar nos preços internacionais, especialmente na Tailândia, Vietnã e Paquistão.

Na Índia, onde os preços de exportação continuam extremamente estáveis, e até em queda, as autoridades não pretendem restringir as exportações de arroz, ao contrário do trigo e do açúcar. As disponibilidades exportáveis de arroz ainda são extremamente abundantes e as perspectivas para as próximas colheitas são promissoras. No entanto, os traders internacionais começam a tomar algumas precauções, mediante novos contratos para os próximos meses. Uma procura precipitada de arroz indiano reduziria a demanda de arroz vietnamita e tailandês, que já sofrem da falta de competitividade em relação aos preços indianos, levando finalmente a uma contração dos preços asiáticos. Por tanto, todas as atenções estão viradas para a postura da Índia nas próximas semanas e meses em relação à política de exportação.

Os preços internos do arroz na Índia permanecem relativamente baixos, e se o mercado interno permanece bem abastecido a preços acessíveis, é provável que a Índia continue a exportar arroz ao ritmo atual. Em maio, o índice OSIRIZ/InfoArroz (IPO) subiu 4,8 pontos para 200,1 pontos (base 100 = janeiro de 2000) contra 195,4 pontos em abril. No início de junho, o índice IPO manteve-se firme em 203, mas tendia a estabilizar-se.

Produção mundial

Segundo com as últimas estimativas da FAO, a produção mundial do arroz em 2021 aumentou 0,7% para 784 Mt (519,5 Mt base beneficiado) contra 778,6 Mt em 2020. A produção asiática aumentou 1,8% graças a uma safra recorde na Índia, atingindo um volume de 190 Mt (126,6 Mt base beneficiado). Na China, a produção melhorou também, mas em apenas 1,2%. Na Tailândia, as colheitas aumentaram significativamente em 10%. Contudo, nos Estados Unidos, a produção contraiu 15% em 2021 devido a uma redução das áreas plantadas, e espera-se que volte a cair 5% em 2022. No Mercosul, após um aumento em 2021, a produção teria diminuído 8% em 2022, regressando ao nível de 2020. Na África subsaariana, a produção de arroz foi novamente perturbada pelas más condições climáticas, principalmente na África Ocidental.

Comércio e estoques mundiais

Em 2021, o comércio mundial do arroz aumentou significativamente em 13% para 51,4 Mt contra 45,6 Mt em 2020. É o maior aumento desde 2017. As necessidades de importação aumentaram em 10% no sul da Ásia, principalmente por causa do retorno do Bangladesh ao mercado de importação. As importações chinesas também aumentaram, bem como na África subsaariana, onde se observou um forte crescimento nas importações, especialmente na Nigéria com a reabertura de suas fronteiras terrestres no final de 2020. Em 2021, a Índia atingiu um nível recorde de exportação para 21,4 Mt, já 48% acima de seu recorde anterior em 2020 e respondendo por 42% do comércio mundial. A Tailândia, apesar de um aumento significativo nas vendas externas durante o segundo semestre de 2021, permaneceu na terceira posição, atrás do Vietnã cujas vendas aumentaram 5,5% em 2021. Em 2022, as primeiras projeções indicam um aumento adicional no comércio mundial, mas apenas 3% para 53,1 Mt.

A Índia deveria consolidar sua liderança mundial com uma previsão de 20 Mt em 2022, enquanto a Tailândia recuperaria o segundo lugar com 8 Mt contra 6 Mt para o Vietnã. Os estoques mundiais de arroz no final de 2021 aumentaram 2,7% para 191,5 Mt, contra 186,3 Mt em 2020, representando 37% das necessidades mundiais e ficando acima da média dos últimos cinco anos. Este aumento deve-se principalmente ao aumento dos estoques indianos graças às boas colheitas em 2021. Por outro lado, os estoques chineses marcaram uma queda de 0,5%, e poderiam cair novamente em 2022, mas ainda são significativos, equivalentes a 70% do consumo anual e 50% dos estoques mundiais.

Nos principais países exportadores, os estoques aumentaram em 5% para 55 Mt, equivalente a 30% dos estoques mundiais. Em 2022, as reservas poderiam aumentar em 1% para 192,4 Mt. Na Índia, os preços do arroz desceram ligeiramente, em contraste com os seus principais competidores. Os subsídios aos produtores estimulam a produção, que atingirá um nível recorde, e mantêm os preços internos e de exportação relativamente baixos. O aumento dos custos de frete marítimo e o congestionamento nos portos de embarque são os únicos obstáculos às exportações indianas. Contudo, os traders internacionais estão tomando algumas precauções reservando contratos de arroz, mediante cartas de crédito, para evitar rupturas de abastecimento nos próximos meses.

Estas medidas resultam sobretudo das incertezas geopolíticas que de fatos específicos na oferta de exportação da Índia. Em maio, o arroz indiano 5% diminuiu em 1,2% para $ 341/t Fob contra $ 345 em abril. O arroz indiano 25% ficou novamente estável em $ 325. No início de junho, os preços mantiveram-se estáveis após a chegada gradual da segunda colheita. Na Tailândia, os preços registaram um aumento significativo de 8%. Em contraste, o arroz quebrado aumentou apenas 2%. A demanda de importação dos países do Médio Oriente e África, mais precisamente da África do Sul, foi bastante ativa. A redução dos abastecimentos de arroz casca também está alterando os preços domésticos. Em maio, as exportações aumentaram 7% para 590.000 t contra 550.000 t em abril, já um avanço de 60% em relação a 2021 na mesma época. O preço do arroz Tai 100%B atingiu $ 454 contra $ 454 em abril. O arroz parboilizado subiu para $ 454 contra $ 419. O quebrado A1 Super subiu para $ 413 contra $ 405.

No início de junho, os preços começavam a cair à medida que a demanda de importação descer e o dólar se valorizar em relação ao bath. No Vietnã, os preços de exportação aumentaram ligeiramente num mercado bastante ativo graças à forte demanda das Filipinas, seu principal mercado. A demanda africana também é ativa apesar da concorrência indiana. Em maio, as exportações atingiram 710.000 t contra 570.000 t em abril, mas ainda com um atraso de 2% em relação ao ano passado na mesma época. O Viet 5% foi cotado a $ 419 contra $ 416 em abril. O Viet 25% permaneceu estável em $ 399. No início de junho, os preços estavam firmes, mas deverão estabilizar-se nas próximas semanas.

No Paquistão, os preços do arroz subiram em média 5%. A demanda chinesa de arroz quebrado para ração animal permanece forte, sendo negociado acima do preço do Pak 25%. Em maio, Pak 25% subiu para $ 341 contra $ 331 em abril. Enquanto isso, o arroz quebrado era comercializado a $ 355 contra $ 350 anteriormente. No início de junho, os preços registavam uma subida acentuada.

Na China, a demanda de importação de arroz quebrado para ração animal começa a estabilizar-se, mas as necessidades de importação, em todas as categorias, permaneceram elevadas em 2022, entorno de 5 Mt, devido a uma possível estagnação da produção por causa das inundações que afetaram os cultivos. Além disso, há uma forte pressão para aumentar a produção de oleaginosas, levando a uma possível redução na produção de cereais 2022/2023.

Nos Estados Unidos, os preços do arroz subiram novamente 2,5% num mercado pouco ativo. A oferta exportável será reduzida este ano devido à perspectiva de uma nova queda da produção em 2022. Em dois anos, a produção estadunidense teria diminuído 20% como resultado da redução das áreas plantadas, substituídas por cultivos mais lucrativos. Em maio, as exportações atingiram 165.000 t contra 220.000 t em abril, marcando um atraso de 13% em relação a 2021 na mesma época. O preço indicativo do arroz Long Grain 2/4 aumentou para $ 656/t contra $ 640 em abril. No início de junho, o preço continuava firme para $ 675. Na Bolsa de Chicago, os preços futuros do arroz paddy subiram 5% para $ 379/t contra $ 360 em abril.

No início de junho, os preços marcavam estabilidade em torno de $ 373. No Mercosul, os preços de exportação começaram a baixar com a chegada da nova safra. Mas os resultados da campanha apresentam contrastes, em função da redução na produção brasileira de quase 10%. A produção argentina também diminuiu, enquanto no Uruguai, as colheitas melhoraram graças a rendimentos médios superiores de 9 t/ha. O preço indicativo do arroz paddy brasileiro caiu 7,4% para $ 287/t contra $ 310 em abril. No início de junho, o preço indicador tendia a estabilizar-se para $ 278.

Na África subsaariana, os preços nos mercados regionais continuam apresentando tendências inflacionistas devido à forte demanda interna e à oferta mais restrita neste período do ano. O forte aumento dos preços do trigo, e as restrições à exportação, poderiam levar os países africanos a aumentar as demandas de importação de arroz, cujos preços permanecem ainda relativamente atrativos. Estima-se que as necessidades de importação de arroz atinjam 20 Mt, já 10% superiores que em 2021.

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