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Produção de orgânicos na Baixada Fluminense gera renda e preservação ambiental

Produzir e preservar: acesso à técnicas mais sustentáveis


No sopé do Parque Nacional da Serra dos Órgãos, no município de Guapimirim, na Baixada Fluminense (RJ), um pequeno grupo de produtores está conseguindo prosperar na agricultura familiar ao mesmo tempo em que promove a preservação da natureza.

São famílias agricultoras que estão investindo na produção orgânica de espécies frutíferas e leguminosas na comunidade do Socavão, situada nas encostas das primeiras elevações que integram o parque nacional, Área de Proteção Ambiental (APA) que abriga fauna e flora remanescentes da Mata Atlântica.

Raimunda do Rosário Lima tem 55 anos e é presidente da Associação de Produtores Orgânicos da Comunidade do Socavão, entidade criada há quatro anos e que uniu 23 pequenos produtores familiares da região. A associação despertou nos produtores uma consciência sobre a necessidade de produzir e comercializar de forma coletiva, e também a conveniência, ambiental e econômica, de fazê-los ao mesmo tempo em que garantem a manutenção e a renovação do ecossistema local.

A fórmula encontrada pela agricultora foi fazer com que os alimentos produzidos pela associação de produtores conquistassem a certificação de origem orgânica. Para tanto é preciso adotar e cumprir uma série de procedimentos técnicos e sociais estabelecidos pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, que garantem que os produtos tiveram origem em sistemas orgânicos de produção ou através do extrativismo sustentável, de modo não prejudicial ao homem e ao meio ambiente onde foram produzidos.

 

Produzir e preservar: acesso à técnicas mais sustentáveis

Com a ajuda do Instituto de Desenvolvimento e Ação Comunitária (Idaco), empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Ater) contratada pelo Governo Federal, através de chamada pública feita pela Secretaria Especial de Agricultura Familiar e Desenvolvimento Agrário (Sead), os agricultores puderam conhecer novas técnicas e modelos de plantio mais adequados ao ecossistema onde cultivam, bem como adubos e defensivos naturais e inofensivos ao meio ambiente.

"A adaptação foi rápida porque a conscientização ambiental é grande entre nós, até por conta do local onde vivemos, que é uma área de proteção ambiental. Por isso nossa preocupação é bem maior com a preservação", avalia Raimunda. "Toda a nossa água vem de nascentes. Se a gente desmatar, as nascentes secam e, sem água, não podemos produzir, muito menos viver", completa.

 

Certificação orgânica

Somados ao saber tradicional da região, os novos conhecimentos proporcionaram o aumento da produtividade e da variedade dos cultivos, levando a comunidade a obter a primeira certificação de um produto e a dar os primeiros passos no mercado consumidor de orgânicos, setor que cresce cerca de 20% ao ano, no Brasil.

Atualmente a Associação do Socavão produz cerca de duas toneladas de bananas por mês, dos tipos Ouro; da Terra; D'Água; São Tome; Maçã; Vinagre e Prata, esta última com cinco variações, todas elas certificadas como de origem orgânica.

"Para nós a certificação foi muito positiva porque abriu esse novo mercado onde o preço é melhor e a procura por produtos naturais e livres de agrotóxicos é grande. Hoje, todos os nossos associados melhoraram de vida e se dedicam exclusivamente à agricultura familiar", comemora Raimunda.

Entusiasmadas com esse mercado promissor e de olho nos lucros que uma maior participação nas feiras orgânicas poderá oferecer os agricultores, as famílias da Associação estão adequando suas plantações para a certificação do aipim e do abacaxi, outras culturas de destaque na comunidade.

 

Produtos processados e certificados

Além disso, a associação já pensa no beneficiamento da produção como alternativa para a geração de renda, aguardando somente a conclusão das obras de construção da sede para iniciar o processamento e a produção de doces de frutas e da biomassa de banana, também certificados.

"Planejamos construir uma cozinha e adquirir os equipamentos necessários para levar ao mercado produtos com mais valor agregado e gerar mais renda para nossos agricultores orgânicos", adianta a presidente da Associação de Produtores Orgânicos do Socavão, Raimunda Lima.

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