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Mudanças estruturais no mercado da soja


Argemiro Luís Brum

No momento em que, conjunturalmente, os preços da soja cedem, na esteira de uma revalorização do Real e de um mercado nacional em compasso de espera devido as festas de final de ano (o saco de soja já está sendo negociado abaixo de R$ 130,00 no RS, contra mais de R$ 160,00 há um mês), indicando que na futura colheita o mesmo possa estar em R$ 100,00 e mesmo um pouco abaixo (em permanecendo a tendência cambial), o mercado da oleaginosa aponta para uma realidade sem retorno. A mesma não é de agora, porém, ganhou força em junho passado com o posicionamento de diversas empresas em relação à política ambiental brasileira e, neste final de ano, ganha um novo capítulo.

Um grupo de empresas internacionais agroalimentares, incluindo Tesco, Walmart, Unilever e McDonald’s, pediu, neste mês de dezembro, às tradings de commodities que parem de trabalhar com a soja cuja produção está associada ao desmatamento do Cerrado brasileiro. No total foram 163 companhias que assinaram a Declaração de Apoio ao Manifesto do Cerrado, o qual foi endereçado às tradings Archer Daniels Midland (ADM), Bunge, Louis Dreyfus, Cargill, Cofco International e Glencore pedindo para que elas deixem de obter soja, direta ou indiretamente, de áreas desmatadas no Cerrado após 2020.

Por enquanto, nenhuma das tradings concordou com as medidas, segundo notícias, porém, a disputa neste contexto ambiental está cada vez mais forte e preocupante para os produtores de soja do Centro-Oeste em particular. Em paralelo, o governo francês lançou um plano de produção e compra de soja visando substituir a oleaginosa brasileira. Atualmente o Cerrado brasileiro produz 60% de toda a soja nacional, o que dá a dimensão do estrago na economia brasileira caso tais ameaças venham a ser praticadas. Quem não atentar para isso, nos próximos anos pode ficar sem mercado, pois o processo é de natureza estrutural.
 

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