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Algumas certezas (Final)


Argemiro Luís Brum

Na continuidade da coluna passada, dentre as certezas a respeito de nossa economia, em época de pandemia, tem-se que apenas um terço do dinheiro público disponibilizado para enfrentá-la chegou ao destino esperado. O restante foi empoçado pelos bancos, desviado ética e fraudulentamente por quem dele não precisava, e preso na burocracia nacional. Portanto, o efeito esperado na economia será bem menor, devido a própria ação do sistema brasileiro e parte de seus cidadãos. Neste contexto, o teto de gastos deverá ser rompido, senão neste ano, possivelmente em 2021.

Para tentar evitar o pior, o governo deverá aumentar impostos. E a nova carga tributária incidirá sobre os mais pobres e quem trabalha, enquanto se espera que venha, um dia, uma reforma tributária justa e eficaz. Afinal, a carga tributária, que de fato é alta, é alta para quem? Outra certeza é que faltará dinheiro para despesas elementares nos próximos anos, e como o ponto central das despesas (o inchaço da máquina pública) não foi atacado até o momento, o governo cortará, mais uma vez, na educação, na saúde, na segurança e áreas sociais afins. Ou seja, a qualidade de vida do brasileiro baixará ainda mais.

Enfim, um risco ainda maior se desenha pela frente: como o governo Bolsonaro, apesar das promessas, entrou no sistema político do “toma lá dá cá”, colocando o Centrão no governo, o tamanho do Estado ineficiente tem aumentado. Da promessa eleitoral de 15 ministérios, após iniciar o governo com 22, o país se aproxima rapidamente dos 25 com a criação dos ministérios das Comunicações, da Segurança Pública e do Desenvolvimento. Com isso, o risco de um estouro ainda maior nas contas públicas aumenta a cada dia, e não mais por conta da pandemia. Última certeza: em havendo um estouro maior do endividamento público, o país chegará ao pior dos mundos, repetindo um passado não muito distante: baixo crescimento com elevação da inflação e dos juros. E mesmo que alguma coisa de positivo venha a ser feita em relação a isso, o resultado dos gastos, devido a pandemia, permite prever que, contas públicas no azul, somente em 2033. (cf. IFI)
 

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