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É incerto o lucro do produtor rural


Amélio Dall’Agnol

É interessante observar as diferenças entre o lucro que pode auferir um agricultor na comercialização da sua safra, versus o lucro obtido por um comerciante ou industrial na venda dos seus produtos. O comerciante e o industrial dificilmente conseguem comercializar seus produtos no mercado por preços superiores a 10% do seu custo. Por sua vez, o agricultor pode, excepcionalmente, vender sua safra por valores superiores em até 50% do seu custo de produção. Mas, em anos de contrariedades climáticas ou de mercado desfavorável, também pode ser forçado a vender sua safra por valores inferiores ao custo de produção e ter prejuízo. A rentabilidade do comerciante ou industrial é baixa, mas é estável. A do agricultor é incerta.

É importante enfatizar que para um agricultor moderno, não basta produzir bem para sobreviver com dignidade no campo. Precisa, também, ser um bom gestor do seu negócio. É em anos de vacas magras que se conhece o bom agricultor, que, enfrentado à baixa produtividade determinada pelo clima desfavorável ou os preços baixos, investe na melhor gestão do seu negócio e retira lucros da redução dos custos de produção, assim como, da comercialização mais criteriosa da safra. Para isso, precisa fazer uma análise mais criteriosa dos movimentos pendulares dos preços, que sobem e descem ao sabor de notícias positivas ou negativas da oferta e da procura do produto, além de outros fatores 

No contexto dessas avaliações, podem surgir indicativos sobre a conveniência de vender antecipadamente a safra futura ou parte dela, visto que as boas cotações do produto na safra vigente, sinalizam para bons preços na safra seguinte, que poderão ou não se confirmar, mas que permitem a fixação de bons preços agora, para entrega futura.

Tudo o que sobe, um dia desce, ensina a sabedoria popular. Não é diferente com os preços de qualquer produto no mercado. Uma observação mais atenta desses movimentos permite ao produtor antenado entender os porquês dessas oscilações (excesso de oferta?!, quebra de safra?!) e aproveitar os indicativos de picos de alta dos preços para vender ao menos parte da produção, aproveitando essas instâncias. No entanto, insistir na busca pelo preço máximo, que ninguém sabe qual será e nem quando acontecerá, pode levar o produtor - depois de muita espera - a ver-se forçado a vender a produção na bacia das almas, porque a corda apertou e não mais pode esperar. 

É importante enfatizar que a produtividade é menos importante do que o lucro. De pouco serve para um produtor rural vangloriar-se de ter obtido a mais alta produtividade no seu entorno, mas não ter obtido lucro, porque o custo de produção excedeu o montante racional, contribuindo para reduzir ou mesmo zerar, o lucro. 
Neste momento (Março de 2020), os preços estão favoráveis para vender tanto a soja quanto o milho, aproveitando a alta expressiva do dólar frente ao Real?  Alguma dúvida sobre a conveniência de comercializar tanto a safra presente quanto a futura! Vai esperar o que?!
 

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