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Não sai a reforma da previdência, e agora?


Argemiro Luís Brum

O governo federal, diante da impossibilidade em aprovar a Reforma da Previdência, lançou uma ofensiva contra a insegurança no Rio de Janeiro. Uma saída para esconder sua incompetência política, ao mesmo tempo em que requenta outras propostas de ações oficiais. O governo, ingenuamente, esperava que o Congresso, descomprometido com a causa coletiva brasileira, onde o casuísmo impera, viesse a se preocupar com as reformas necessárias ao país em ano eleitoral. Nesse contexto, a reforma previdenciária fica, agora, para 2019 caso o novo governo o queira e tenha capacidade para apresentá-la e defendê-la. As consequências econômicas para o Brasil são imensas. Em primeiro lugar, se há um ponto positivo nisso, o mesmo está no fato de que aprovar uma reforma fatiada/desidrata, como esta que se apresentava no momento, de pouco serviria às necessidades do país. Estávamos diante de um remendo e não de uma real reforma previdenciária. Em segundo lugar, é sabido que o Brasil, ao não conseguir avançar nesta reforma, dificilmente avançará, neste ano, em outras reformas urgentes, caso da tributária, fiscal, administrativa e política. Esta postergação é um desastre para a recuperação econômica sustentável do país. Sem reformas estruturais a economia caminha para uma recuperação tipo “voo de galinha”. Qualquer que seja o novo governo eleito, a retomada do crescimento da economia tende a não ir para além de 2019, talvez 2020. Ou seja, a economia vai estagnar (e talvez recuar novamente) sem nem mesmo ter recuperado o que foi perdido nesta recente recessão econômica. Em terceiro lugar, é bom lembrar que a recuperação de nossa economia está sustentada nas melhores condições da economia externa. Portanto, é o juro baixo no exterior e a entrada de capitais externos por aqui, no momento, que têm puxado de forma mais evidente nosso PIB a partir de 2017. Ora, esta janela está se fechando na medida em que os juros internacionais tendem a voltar a subir (especialmente nos EUA) ainda em 2018. Dito de outra forma, estamos, mais uma vez, perdendo uma oportunidade de colocar a economia nacional definitivamente nos trilhos do crescimento e de um futuro desenvolvimento sustentável. E, dependendo de quem for eleito no final do ano, poderemos perder os próximos quatro a cinco anos, momento em que todas as análises internacionais convergem para uma nova recessão mundial, já que tal processo é cíclico na economia. Enquanto isso, o déficit público continuará se elevando em relação ao PIB, as contas públicas continuarão piorando e o Estado brasileiro, como agente socioeconômico, continuará se inviabilizando. E alguns brasileiros se manterão enganados (e enganando a outros menos informados) com a falácia de que a previdência brasileira não é deficitária e que a crise fiscal não existe. Infelizmente, mais uma vez, a mediocridade está ganhando no Brasil! 

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