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Nem sempre adubar é preciso


Amélio Dall’Agnol

A pesquisa indica que para cada tonelada de grão de soja retirado do campo, 10 a 12 kg de fósforo (P2O5), 20 a 23 kg de potássio (K2O) e 50 a 60 kg de nitrogênio (N) são exportados, ou seja, são retirados da lavoura via grãos colhidos. O nitrogênio é o nutriente mais exportado pelo grão de soja, visto que entra na composição dos aminoácidos que constituem as proteínas, a maior riqueza da soja e principal razão da sua enorme demanda em nível nacional e global. 

É indispensável que o produtor reponha os nutrientes que os grãos colhidos retiram do solo, a menos que o solo seja naturalmente muito fértil, como ocorre em algumas áreas encontradas na Argentina (Pampa Húmida), nos EUA (Meio Oeste), na Ucrânia (chernossolos) e na China (vales dos rios Amarelo e Yang Tsé), capazes de suprir as necessidades nutricionais das culturas por algumas ou muitas safras, sem necessidade de adição de fertilizantes minerais. No entanto, por mais férteis que essas terras sejam, sua capacidade de prover os nutrientes necessários ao desenvolvimento das culturas não é eterna. Um dia a festa acaba e igual que a maioria das terras, necessitarão que os nutrientes retirados do solo pelas colheitas sejam repostos. 

A maior parcela das terras agrícolas do Planeta, particularmente as localizadas em regiões tropicais - como o Cerrado brasileiro – são quimicamente deficientes e precisam da adição de fertilizantes para produzir. São poucas as áreas no Brasil que poderiam dispensar por uma ou mais safras, o fertilizante. Mas, eventualmente, encontramos produtores para quem poderíamos dizer “não adube o solo, por favor”, porque depois de muitos anos adubando com fartura, o solo está rico em nutrientes e a lavoura desses produtores poderia produzir normalmente sem adicionar fertilizantes. 

Já tive a oportunidade de conhecer uma lavoura de soja no interior de Goiás, onde mais adubo levaria, possivelmente, ao acamamento e à menor produção, dado o elevado estado nutricional do talhão após anos de fertilização abundante, plantio direto bem feito e rotação de culturas. Certamente que os nutrientes acumulados no solo permitiriam algumas boas safras sem adição de fertilizantes químicos, particularmente do fósforo, cujo nutriente acumula na superfície do solo por ser um nutriente que não lixivia e nem volatiliza. 

Para conhecer o verdadeiro estado nutricional de uma lavoura, e dessa forma saber quais nutrientes e sua quantidade são necessários, é indispensável realizar várias coletas de solo segundo as recomendações técnicas, misturá-las e analisar uma amostra composta com as várias subamostras em laboratório credenciado. 

Em anos de carestia, quando o custo de produção, em contraste com os preços de mercado do grão, sinaliza ano de vacas magras, dispensar a adubação ou parte dela com base na análise do solo pode ser uma estratégia para reduzir os custos de produção e aumentar o lucro. 
 

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