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Piorou


Argemiro Luís Brum

A economia brasileira oferece mais um choque de realidade aos cidadãos deste país, especialmente aos mais ingênuos que acreditavam que bastaria trocar de governo para as coisas melhorarem. Na verdade, havia dois caminhos conhecidos para a economia seguir:

1) o novo governo, aproveitando-se do capital de confiança obtido nas eleições, trataria de fazer avançar os ajustes e reformas estruturais para debelar o déficit fiscal no médio prazo, apoiado por uma coalizão política positiva no Congresso Nacional;

2) o novo governo, por inabilidade política e despreparo gerencial, se perderia em questiúnculas que o desgastam, perdendo rapidamente o capital de confiança existente antes da posse. No primeiro caso, a economia tenderia a melhorar, com os investimentos, inclusive externos, voltando ao país com mais força. Para isso, o mercado apostava na capacidade do Ministro da Economia e sua equipe.

No segundo caso, a economia derraparia e a crise se aprofundaria, e nem mesmo os esforços da equipe econômica conseguiriam debelar o problema. Infelizmente, para o Brasil, a lógica do segundo caminho se sobrepõe atualmente no cenário nacional. Isso explica a volta do câmbio a R$ 4,10 por dólar e o tombo da Bovespa (B3) nestes últimos dias. Estes termômetros econômicos refletem a febre alta de uma economia gravemente doente e que não encontra os remédios adequados.

Os últimos indicadores corroboram isso:

1) elevação do desemprego desde o final do ano, com o mesmo voltando a atingir mais de 13 milhões de brasileiros e quase 13% da população ativa;

2) falta de reação do PIB, com o primeiro trimestre registrando um comportamento, talvez, negativo, indicando que o crescimento em 2019 tende a ser menor do que o 1,1% registrado em 2017 e 2018;

3) o setor de serviços registrou recuo de 1,7% no primeiro trimestre do ano;

4) a inadimplência cresce no país, já atingindo a 62,6 milhões de brasileiros no final de abril, a mais elevada da história nacional;

5) o mercado e o setor financeiro já avançam que “o capital político para aprovar reformas quase esgotou”, apesar de estarmos apenas no quinto mês do ano.

E assim por diante! Portanto, não pode ser surpresa o caos político e econômico que vivemos neste momento. Está dentro de uma lógica que havia 50% de chances de ocorrer, embora as apostas iniciais pouco a considerassem. É verdade que tudo isso resulta de graves erros na condução de nossa economia no passado recente. Mas também é verdade que as atitudes populistas, beirando a irresponsabilidade, do governo atual, até o momento, destruíram a confiança que existia junto aos agentes econômicos e grande parte da população, não se vislumbrando mudanças positivas no futuro próximo.

O risco é não ocorrer reação, comprometendo as expectativas para 2020 e 2021, pois já não basta aprovar a Reforma da Previdência. Será preciso muito mais! 

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