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O que Santa Cruz ganha com a nova fábrica da JTI

Maior investimento privado anunciado em Santa Cruz nos últimos anos, a fábrica de cigarros da Japan Tobacco International já está funcionando


Maior investimento privado anunciado em Santa Cruz nos últimos anos, a fábrica de cigarros da Japan Tobacco International (JTI) já está funcionando. A atividade junto ao complexo na área da antiga Kannenberg, que abriga um aparato capaz de transformar tabaco picado em uma carteira com 20 unidades em 40 segundos, teve início em 9 de abril, mas só vai alcançar a capacidade máxima de operação dentro de três meses.

A produção chega a 7,2 mil cigarros (360 carteiras) por minuto. Até o momento, porém, a unidade opera com uma única linha. Outras três estão em fase de instalação. O maquinário está sendo trazido de outras fábricas da JTI em países como Suíça, Alemanha e Malásia, além de novos equipamentos que estão vindo diretamente de fabricantes na Alemanha e na Itália e outros que foram desenvolvidos com fabricantes locais.

Com as novas linhas, o número de funcionários na fábrica, que hoje é de 76, chegará a 100,  entre técnicos eletrônicos, operadores e mecânicos, que passaram por treinamentos em países como Rússia, Turquia, Ucrânia, Polônia, Suíça, Itália e Romênia. Ao todo, o investimento chegará a R$ 80 milhões. A inauguração será em 26 de setembro.

A fábrica produz cigarros das marcas Camel e Winston, que a JTI vende no Brasil desde 2014. No entanto, a empresa detém por enquanto apenas a licença de fabricação emitida pela Receita Federal e não a licença de comercialização emitida pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), o que significa que o cigarro produzido aqui ainda não pode ser vendido. Se a liberação não sair até julho, a fabricação poderá ser interrompida por falta de condições de estoque.

Quando estiver operando com toda a sua capacidade, a planta terá condições de suprir a demanda do mercado nacional, que abrange 12 estados brasileiros. Porém, segundo o diretor de Operações da empresa, o russo Timur Mutaev, exportações não estão descartadas, sobretudo para a América do Sul. A recente autorização da comercialização de carteiras com menos de 20 unidades pode abrir novas portas no exterior, já que países como Colômbia já têm a cultura de consumir embalagens com diferentes quantidades.

A história

Fundada em 1999, a JTI tem sede em Genebra, na Suíça. A empresa nasceu a partir da compra, pela Japan Tobacco Inc., das operações internacionais da multinacional norte-americana R.J. Reynolds. No ano seguinte, a empresa passou a atuar no Brasil. A chegada ao Vale do Rio Pardo ocorreu em 2009, quando adquiriu as antigas KBH&C Tabacos e Kannenberg & Cia Ltda. Em 2010, as empresas foram unificadas.

A empresa mantém uma planta de processamento de tabaco em Santa Cruz e, em 2016, centralizou no município as operações de processamento e distribuição de cigarros no Brasil. Foi o primeiro passo para a implantação da fábrica de cigarros no País.

O impacto

Por ser um dos produtos mais tributados do Brasil, o cigarro representa uma importante fonte de arrecadação para o poder público – tanto que a Philip Morris Brasil, que mantém uma cigarreira em Santa Cruz, é líder absoluta em Valor Adicionado Fiscal no município, respondendo por 42%. Em 2017, a JTI foi a 7a maior empresa de Santa Cruz e tende a crescer a partir de agora, com a produção de cigarros.

Segundo dados da Receita Federal, a carga tributária que incide sobre o cigarro chega a 79%. Por exemplo: se uma carteira custa R$ 5,75 no comércio, nada menos que R$ 4,55 corresponde aos tributos. A divisão fica assim: R$ 2,08 cobre o IPI (federal), R$ 0,63 cobre o PIS/Cofins (federal) e R$ 1,84 cobre o ICMS (estadual, mas também abastece os municípios). Apenas o governo federal arrecadou em 2017 R$ 6,9 bilhões com cigarros.

Como é o processo

A JTI mantém uma usina de beneficiamento em Santa Cruz. Porém, depois de processado, o tabaco não segue direto para a cigarreira. Primeiro, é exportado para a Antuérpia, na Bélgica, e de lá encaminhado para o complexo fabril de Trier, na Alemanha. Lá, o produto é picado e são feitos os blends – ou seja, as variedades de tabaco são combinadas para formar as misturas que compõem cada uma das marcas.

Na fábrica, o processo é praticamente todo automatizado e começa quando o tabaco é despejado em uma alimentadora. De lá, é bombeado para a máquina de  montagem do cigarro (com o papel e o filtro) e, depois, para a máquina de empacotamento. Tudo isso leva em torno de 40 segundos. Das máquinas, saem pacotes com dez maços que são transportados para o armazém. A impressão das carteiras também é feita em Santa Cruz, mas por uma empresa terceirizada. Também funciona ali um linha de fabricação de filtros, que são produzidos com acetato de celulose.

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