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Por que o tabaco sentiu a greve dos caminhoneiros

Levantamento divulgado pelo IBGE indica que o setor foi o que mais perdeu com a paralisação nas rodovias em maio


Dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) sobre a produção industrial no mês de maio mostram que as indústrias de tabaco foram as que mais sofreram com a greve dos caminhoneiros no Estado. O recuo no setor, que é o carro-chefe da economia do Vale do Rio Pardo, chegou a 21,9% na comparação com o ano passado, bem acima da média estadual (10,8%).

O levantamento leva em conta tanto as usinas de beneficiamento quanto as fábricas de cigarros. Com os bloqueios nas rodovias, as principais unidades do setor paralisaram as atividades, a maioria por entre três e cinco dias. Na prática, o desabastecimento de combustíveis afetou todas as instâncias da produção, desde a compra de tabaco cru (já que não havia como transportá-lo das propriedades às empresas) até o beneficiamento (devido principalmente à falta de gás liquefeito de petróleo para movimentar as empilhadeiras e de lenha para as caldeiras).

Segundo o presidente do Sindicato Interestadual da Indústria do Tabaco (Sinditabaco), Iro Schünke, uma das explicações para o setor ter sido o mais prejudicado é o fato de a greve ter acontecido em um momento de pico da safra. Além disso, o movimento comprometeu fortemente as exportações, devido à impossibilidade de transportar as cargas até o porto. Segundo o Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços, a queda nas vendas externas em relação ao ano passado chegou a 20% em volume e 25% em valor (cerca de US$ 30 milhões).

Outros setores importantes para a economia da região, como alimentos e borracha, também registraram recuos significativos nas atividades em função da greve.

Atrasos ainda são recuperados

Fontes ligadas ao setor de tabaco afirmam que os prejuízos às exportações de tabaco decorrentes da greve dos caminhoneiros ainda estão sendo recuperados. “Não dá para dizer que o pior já passou”, afirma um agente da indústria. A recuperação plena depende da disponibilidade de contêineres e de vagas nos navios, mas as empresas têm pressa em função de a cotação do dólar estar favorável às vendas externas.

De acordo com o presidente do Sinditabaco, Iro Schünke, apesar dos prejuízos em maio, a projeção é de crescimento nas exportações em 2018, na comparação com o ano passado.

Três motivos

Pico da safra – A paralisação aconteceu em um momento de intensa atividade nas indústrias de tabaco e levou à paralisação total de várias unidades.
Impacto geral – A greve afetou todas as etapas do processo produtivo, desde a compra de tabaco, passando pelo beneficiamento nas usinas e chegando aos embarques para o exterior e até à entrega de insumos aos produtores para a próxima safra.
Exportações – As exportações foram muito afetadas, já que não havia como transportar os produtos até Rio Grande. Isso atingiu diretamente as receitas das empresas, uma vez que a exportação é justamente o momento em que elas faturam – mais de 80% do tabaco produzido no Brasil é exportado. Com a valorização do dólar frente ao real, o momento era propício para os embarques.

Desempenho

Confira a variação na produção industrial em cada setor no mês de maio no Estado, na comparação com o mesmo período de 2017:

Tabaco:  -21,9%
Alimentos:  -19,1%
Borracha e material plástico:  -15,1%
Bebidas:  -12,7%
Máquinas e equipamentos:  -12,7%
Móveis:  -11,9%
Couro:  -11,8%
Veículos:  -7,6%
Produtos de metal:  -4,8%
Produtos químicos:  -4,8%
Minerais não-metálicos:  -4,3%
Coque, derivados do petróleo e biocombustíveis:  -3,6%
Celulose e papel:  -2%
Metalurgia:  +3,4%

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