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Acorda, é a educação (II)


Argemiro Luís Brum

Em 2019, dos 50 milhões de brasileiros entre 14 e 29 anos de idade, 20%, ou seja, 10,1 milhões, não completaram alguma das etapas do ensino fundamental ou médio. Seja por nunca terem frequentado ou pelo abandono causado pela necessidade de trabalhar, gravidez ou desinteresse em relação às aulas. E nos últimos dois anos de pandemia o quadro só piorou. Em 2018, o gasto público total com educação no Brasil representava 5% do PIB. Esse percentual não sofreu alteração em 2020 ou 2021.

O país faz parte de uma minoria de nações que não destinaram recursos extras para nenhum segmento do sistema de ensino durante a crise sanitária. Ora, a renda e a posição socioeconômica têm grande influência sobre a capacidade de leitura e aprendizado dos jovens, e essa desigualdade é mais acentuada no Brasil do que em grande parte do mundo, aponta a OCDE em seu relatório Education at Glance, divulgado no último 16 de setembro.

Por sua vez, a capacidade de leitura e interpretação de textos afeta a habilidade dos jovens em se desenvolverem social e profissionalmente, e exercerem sua cidadania. A OCDE, através de seu exame conhecido como Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (PISA), constatou que em 2018 os alunos brasileiros pontuaram, em média, 413 em leitura (para efeitos comparativos, a China, que encabeça o ranking, pontuou 555 nesse quesito), mantendo-se praticamente estagnado na última década. E essa média esconde disparidades sociais.

No Brasil, diz a OCDE, a proporção de jovens da camada mais pobre, que conseguiu alcançar o nível 2 em leitura do Pisa (estágio básico em que os estudantes "começam a demonstrar competências que vão lhes permitir participar de modo efetivo e produtivo na vida como estudantes, trabalhadores e cidadãos") foi 55% menor do que a de jovens brasileiros de renda mais alta. Essa disparidade é 26 pontos percentuais superior à média dos países da OCDE, onde também se observa desigualdade em leitura entre alunos ricos e pobres. Em nosso país, porém, observou-se "uma das maiores disparidades de performance entre os países com dados disponíveis", diz o texto. (segue) 

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