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Como drones podem ajudar aviação agrícola?

Especialista analisa que essas duas tecnologias se mostram complementares


Foto: Arquivo

Drones de pulverização e aviões agrícolas podem conviver? Esta pergunta vem aparecendo nos últimos anos com o avanço da tecnologia de aeronaves não tripuladas fazendo o trabalho nas lavouras.

O Brasil tem a segunda maior frota de aeronaves agrícolas do mundo, com cerca de 2300 aeronaves. O setor é consolidado e atua em áreas como de tratamento fitossanitário, distribuição de fertilizantes, sementes. Recentemente ainda assumiu papel social auxiliando em outras áreas, como o de combate a incêndios. No entanto, o principal mercado, de fato, é o de aplicação de defensivos agrícolas. 

Os drones na agricultura avançaram e ganharam muito espaço, especialmente na aplicação de defensivos em áreas localizadas, só onde há praga ou doença.  Dados do primeiro semestre de 2020 mostra que o número de equipamentos cadastrados na Anac subiu 13% no período, com 63,8 mil pessoas são cadastradas como donas de drone. O mercado global de drones agrícolas deve quadruplicar em cinco anos, saltando de US$ 1,2 bilhão em 2019 para chegar a US$ 4,8 bilhões em 2024.

O engenheiro agrônomo, especialista em tecnologia de aplicação e pesquisador da AgroEfetiva, em Botucatu/SP, Fernando Kassis Carvalho, analisa essa relação como harmoniosa. Para ele as duas tecnologias podem conviver e se complementar. “Os drones podem operar em áreas menores ou de difícil acesso, onde aviões não operariam, por exemplo. Podemos citar as áreas mais inclinadas como as lavouras de café, no Espírito Santo, áreas de hortifruti, ou até propriedades menores com culturas como milho e soja, além de vários outros nichos de mercado”, destaca.

Há outros aspectos, para Carvalho, que provam essa boa relação. Um deles é o fato de a aviação agrícola ter que seguir uma regulamentação que estabelece que faixas de aplicação sejam mantidas sem pulverização a certas distâncias de locais como áreas de preservação permanente (APP), mananciais de captação de água para abastecimento, entre outros. “Ao menos parte dessas áreas aparentemente poderá ser aplicadas via drones”, diz.

Outro aspecto é que a indústria de defensivos agrícolas vem trabalhando intensamente no desenvolvimento de formulações para aplicações em baixos volumes de calda (ou taxa de aplicação). Como a aviação já usa volumes menores, o desenvolvimento dessas formulações pode favorecer muito o setor, pois um dos gargalos da aviação agrícola é a dificuldade do manuseio de produtos, e principalmente problemas físicos na calda (incompatibilidade física ou dificuldade de diluição). “Enquanto isso, temos visto que está havendo o pedido de patente de vários produtos e formulações para aplicações como de 10 L/ha e 20 L/ha, visando melhorar essas características. Formulações mais modernas, além de mais segurança ambiental podem trazer ganhos operacionais, pois possibilitam otimizar o tempo de trabalho”, aponta.

Para o especialista ainda há um longo caminho a ser percorrido para o maior uso de drones na pulverização agrícola. “Temos vários desafios pela frente, não só ligados à custos, formulações de defensivos agrícolas, mas também com relação à capacitação dos operadores em Tecnologia de Aplicação, segurança e qualidade das aplicações. Há uma lacuna de informações”, finaliza.
 

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