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A China continuará surpreendendo o mundo


Amélio Dall’Agnol

A China é um país de contrastes entre o velho e o novo, a riqueza e a pobreza, o tradicional e o moderno, o oriente e o ocidente.

No passado, a China desfrutou da posição de maior economia do Planeta, a qual foi interrompida com os avanços da Era Industrial em meados do século XIX, cujos benefícios apoiaram o desenvolvimento do Ocidente e deixaram o país estagnado e muito pobre, dando ensejo para o estabelecimento do regime comunista de Mao Tse Tung. 

O espetacular crescimento chinês começou em meados dos anos 80 e, desde então, o PIB chinês saltou da 25% posição, para a atual 2ª colocação no ranking global das grandes economias e com promessa da liderança até 2030. De 1987 a 2012, a taxa de crescimento do PIB chinês oscilou no entorno dos incríveis 10% ao ano, sucesso que tem muito a ver com os pesados investimentos realizados em infraestrutura.

Até 1980, a China exportava menos do que o Brasil. Hoje exporta 10 vezes mais e participa com mais de 15% do comércio global, ante menos de 1,5% do Brasil. Foi a economia que mais cresceu no último meio século, promovendo o maior êxodo rural da história da humnidade. Embora os analistas internacionais sejam unânimes em afirmar que a economia chinesa está desacelerando, ela ainda cresce acima da média mundial (6,5%). 

Mas nem tudo são flores na China. Os benefícios do crescimento econômico não é compartilhado igualmente pela população. Estima-se que 1% dos chineses detenham 30% da riqueza nacional e que outros 60 milhões ainda sobrevivam com menos US$ 1,5/dia. Outro fato negativo é a grande emissão de gases de efeito estufa causados pela queima de carvão mineral, o principal insumo energético do país, que a colocou na indesejável posição de maior poluidor global. Queima mais carvão que Europa, EUA e Índia, juntos. A preferência pelo carvão deve-se ao fato de que ele custa 10 vezes menos do que outras fontes de energia e o subsolo chinês constitui-se num imenso depósito do mineral.

Com o avanço da poluição atmosférica, a China investe maciçamente em energias limpas (eólica e solar), promovendo o país à condição de maior investidor global neste tipo de energia. Mesmo assim, a acelerada demanda energética do país não permitirá a redução do consumo de carvão no curto prazo.

A importância da China para o Brasil supera a de qualquer outro país, pois ela é o principal destino das nossas exportações: 40% de tudo o que exportamos em 2020 foi para a China. Embora já seja nosso maior parceiro comercial, o Brasil enxerga na China potencial para muito mais, dado o consistente incremento da renda per capita da sua população e dos novos consumidores que estão migrando do campo para as cidades. 

Estima-se que 250 milhões de chineses - de um total de 560 milhões que ainda vivem no campo - migrarão para áreas urbanas nos próximos 20 anos, passando de produtores para consumidores de alimentos. Este novo contingente de cidadãos urbanos incrementará a demanda por comida que a China precisará buscar no mercado internacional, onde o Brasil se apresenta como um potencial grande fornecedor. Se bem o Brasil exporta mais do que importa da China, seu intercâmbio é desfavorecido pelo tipo de mercadoria que transaciona: commodities, em contraste com produtos industrializados.  

A China é tão importante para o comércio internacional que seria possível afirmar que o capitalismo salvou a China quando o comunismo implodiu e que a China salvou o capitalismo quando a economia de mercado entrou em crise, em 2008/9.

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