CI

ECONOMIA: realidade e reações (II)


Argemiro Luís Brum

Na sequência do comentário da semana passada, vale ainda destacar que nossa economia se mantém estagnada, praticamente no fundo do poço pós-recessão, porque o consumo não cresce. A política anterior, de estimular o mesmo a qualquer custo, sem que houvesse uma cultura financeira junto à população, nos trouxe a uma realidade onde 64% das famílias brasileiras se encontram endividadas (maior nível desde julho de 2013), sendo que 78,8% destas dívidas estão no cartão de crédito, instrumento que cobra juros anuais ao redor de 300% em caso de atraso no pagamento da fatura.

E por falar em atraso de pagamento, o Brasil registrou um crescimento de 9% neste quesito, apenas no primeiro semestre deste ano, atingindo a 41% da população adulta inadimplente (62,6 milhões de brasileiros). No Rio Grande do Sul, por exemplo, a renda do trabalhador segue no mesmo nível de 2014. Dito de outra forma, entre o segundo trimestre de 2014 e o segundo trimestre de 2019 a renda média do trabalhador gaúcho aumentou míseros R$ 21,00 ou 0,8% em cinco anos.

Como esperar que o consumo puxe o crescimento econômico com tal realidade? Enfim, para completar o quadro, as relações comerciais internacionais sofrem com a postura desastrada do executivo, assim como com a freada da economia mundial, fato que nos leva a exportarmos menos (em valor, o Brasil exportou 5,1% menos neste ano – até o final da primeira semana de setembro – em relação a igual período do ano passado, sendo que o saldo positivo recuou 12,1% na mesma comparação), lembrando que um terço de nosso PIB depende do comércio exterior. Resultado de toda esta realidade: o país parou nestes últimos quase 10 anos e sua recuperação está sendo muito mais lenta do que a maioria imaginava, com o risco de não se consolidar.

Os recentes soluços positivos, caso do PIB de 0,4% no segundo trimestre do corrente ano, ainda são insuficientes para se cravar uma tendência. Por enquanto se tem a continuidade de um cenário de estagnação pós-recessão o que, para alguns economistas, já caracteriza uma depressão econômica, pois há quase seis anos estamos ou em recessão ou em estagnação. Mas a equipe econômica, nestes oito primeiros meses de novo mandato reage, inclusive com algum apoio do Congresso Nacional.

Quais são suas principais reações e que resultados podemos delas esperar? De forma geral, as reformas tendem, se bem realizadas, a gerar um ambiente favorável na economia no longo prazo. Todavia, não resolvem os problemas imediatos do país, que precisam ser atacados de forma pontual e eficiente, a partir de um Estado organizado, algo que ainda está longe de existir. (segue)

Assine a nossa newsletter e receba nossas notícias e informações direto no seu email

Usamos cookies para armazenar informações sobre como você usa o site para tornar sua experiência personalizada. Leia os nossos Termos de Uso e a Privacidade.