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O Brasil exporta pouco, mas o agronegócio prospera


Amélio Dall’Agnol

O Brasil nunca teve destaque no comércio internacional. Pelo seu tamanho e potencial, deveria ter mais protagonismo no fluxo de mercadorias que transitam entre as nações, exportando e importando mais. Porém, sua participação nas transações comerciais globais é pequena: 1,16% em Fev. 2019 (OMC), com US$ 240 bilhões exportados, ocupando o 27º posição entre os exportadores mundiais. Dentre os oito produtos mais valorizados que o Brasil exporta, cinco têm origem no agro: soja em grão, carne de frango, farelo de soja, carne bovina e grão de café.

Embora ainda modestas, as exportações brasileiras evoluíram e são mais diversificadas em relação ao que foram no passado. No início do século XX, 70% das exportações brasileiras restringiam-se a um único produto: o café. 

Atualmente, a participação do café no comércio exterior brasileiro ocupa a 7ª posição e não alcança 3% do total exportado, apesar de o volume produzido ter aumentado de 31 milhões de toneladas (Mt) para 43 Mt, no período 2001 a 2015 (Conab). A queda de protagonismo do café deveu-se, portanto, não ao menor volume produzido e exportado, mas ao crescimento espetacular de outros produtos agrícolas: soja, carnes e celulose, principalmente, alçando o Brasil ao posto de 3º maior exportador global de produtos agrícolas, depois de Estados Unidos e União Europeia. No cômputo geral do comércio global, no entanto, ainda é um anão, pois concentra suas poucas exportações em produtos de baixa tecnologia (commodities agrícolas e minerais, principalmente) e, portanto, com baixo valor agregado, caracterizando-se como uma nação pouco desenvolvida. Para almejar sua participação entre as nações desenvolvidas, o Brasil precisa alterar esta realidade.

Para que o Brasil possa ter mais protagonismo nas exportações, também precisa apresentar protagonismo nas importações. Não existe a opção de destacar-se apenas como exportador, sem que em contrapartida não importe volumes equivalentes dos parceiros comerciais. 

Apesar de a participação brasileira no comércio global ser pequena, no âmbito do agronegócio ela é gigante, tendo gerado mais de US$ 1,0 trilhão de superávit no período 2001 a 2019, bem maior do que o superávit do próprio Brasil, indicando saldos negativos na balança comercial dos demais setores da economia, cobertos pelos saldos positivos do agronegócio. Por vezes esses déficits foram tão grandes que os vultosos superávits do agronegócio não foram suficientes para tapar o buraco e a balança comercial brasileira foi negativa, como ocorreu em 2014, quando os US$ 80 bilhões de saldo positivo gerado pelo agronegócio não foi suficiente para zerar o déficit e a balança comercial brasileira ficou negativa em US$ 3,96 bilhões.

As causas do reduzido protagonismo brasileiro nas transações comerciais internacionais são muitas e as soluções não são simples. Algumas dependem de nós mesmos, outras não. Dentre as causas que independem do esforço brasileiro para exportar mais, estão as barreiras tarifárias e não tarifárias que os parceiros impõem ao Brasil.

Dentre os gargalos solucionáveis por ações do governo brasileiro, pode-se citar alguns componentes do custo Brasil: baixa eficiência da nossa mão de obra, excesso de burocracia, alta carga de impostos e infraestrutura deficiente em rodovias, ferrovias, hidrovias, portos e aeroportos. Além disso, a falta de uma política industrial, a falta de foco na agregação de valor, a falta de agressividade nas negociações internacionais, também contribuem sobremaneira para a pífia participação do Brasil no mercado internacional. 

Nosso Presidente acaba de retornar de uma longa viagem visitando alguns dos nossos principais parceiros preferenciais. Esperamos que de iniciativas como esta resulte algum avanço positivo para o comércio bilateral com o Brasil.

O agronegócio se orgulha do papel que desempenha na promoção do bem estar dos cidadãos brasileiros. Merece respeito e admiração da sociedade local e, também, da comunidade internacional.

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