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Soja: a expecionalidade


Argemiro Luís Brum

Na última semana de agosto do corrente ano a soja atingiu a média de R$ 121,01 no balcão gaúcho (cf. Emater). Um preço excepcional, pois além de bater o recorde nominal, tais preços, pela primeira vez na história local oferecem ganhos reais significativos, inclusive superando os melhores momentos de 2012.

Tomando-se como base esta média gaúcha, nos últimos sete anos (2013-2020) o ganho nominal no preço é de R$ 55,06/saco. Considerando a inflação oficial brasileira (IPCA), o preço médio da soja em fins de agosto de 2013 deveria valer, no final de agosto de 2020, R$ 94,51/saco. Na prática o mesmo estava R$ 26,50/saco acima deste último valor, consolidando também um ganho real importante. Retrocedendo para o auge da colheita no Rio Grande do Sul, em abril passado, isso significa dizer que todo o produtor que vendeu sua soja a partir de R$ 90,00/saco desde então, obteve um ganho real com a mesma em relação aos valores recebidos sete anos atrás (estes valores oscilam conforme os preços médios obtidos nos anos seguintes).

Dito de outra forma, nesta safra de 2020, o preço da soja está repondo toda a inflação do período, como também oferecendo um ganho adicional (real) importante. Até então o ganho era apenas nominal e, assim mesmo, em percentagem bem menor. Exemplo: no final de agosto do ano passado (2019), o preço médio da soja gaúcha no balcão foi de R$ 76,53/saco. Isso representou um ganho nominal de apenas 16% sobre agosto de 2013.

Para que o saco de soja ficasse igual ao valor de agosto daquele ano, seu preço deveria ter chegado a R$ 92,79. Ou seja, o poder de compra da soja em 2019 foi bem menor do que o alcançado em 2013. Assim, diante da excepcionalidade de preços em 2020, com razão as vendas antecipadas de soja se aceleraram.

O Brasil deverá iniciar o plantio da nova safra de soja com mais de 50% da mesma já vendida (no Rio Grande do Sul esse número chegaria ao redor de 35%), havendo situações, como no Mato Grosso, em que os produtores locais já estariam vendendo a safra de 2022. Isso porque, em condições normais, nada garante que tais preços se sustentem nestes patamares no próximo ano.

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