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Tendências da economia internacional


Argemiro Luís Brum

A expectativa de melhoria de nossa economia em 2019, passados quase quatro meses, diminuiu sensivelmente. Além dos fatores internos, uma recuperação da mesma depende das tendências que se apresentam no cenário econômico mundial. Primeiro: o déficit fiscal.  O mundo ainda está sob efeito da crise de 2007/08, cujas tentativas de saída da mesma provocaram um crescente déficit fiscal nos diferentes países.

Esses desequilíbrios tornam a economia mundial mais vulnerável e aceleram o retorno do protecionismo comercial, comprometendo o crescimento. Segundo: o clima. Se nada for feito, a mudança climática provavelmente será um dos maiores choques econômicos do século XXI. Para um país em desenvolvimento de baixa renda mediano, com temperatura de 25ºC, um aumento de 1ºC reduziria seu PIB per capita em cerca de 1,5% por longos anos.

Ora, cerca de 60% das pessoas no mundo vivem em países onde esses efeitos podem ocorrer, incluindo boa parte do Brasil. Terceiro: as desigualdades. Nota-se que, nos últimos tempos, as mesmas recuam entre os países, porém, no interior destes países elas têm aumentado. A concentração de renda no interior dos países continuou crescendo nos últimos 30 anos e não há movimento em sentido contrário. Tanto é verdade que no Brasil o 1% mais rico da população ficava com 27,8% em 2015, contra 25,1% em 2001.

Na América do Norte, em 2016, 20,2% contra 10,7% em 1980; no Mundo como um todo 20,4%, contra 16,2% em 1980. A forte desigualdade amplia a fragilidade financeira, sobretudo ao aumentar simultaneamente a poupança dos ricos e a procura de crédito pelos pobres e pela classe média, os quais vivem de endividamento e na inadimplência constante.

Neste sentido, as reformas estruturais não devem se limitar apenas a solucionar a crise fiscal, mas também diminuir as desigualdades internas. Quarto: a corrupção estatal. Esta, definida como o abuso de cargo público para ganho pessoal, está associada à redução do crescimento e do investimento e ao aumento da desigualdade. A corrupção enfraquece o Estado e atinge os serviços por ele prestados. Como os pobres são os que mais dependem de tais serviços, são eles que mais sofrem as consequências desta ação nociva. Quinto: a revolução 4.0. Os sistemas tecnológicos e de informação dominam o mundo.

Assim, o futuro do trabalho, e as implicações para a estabilidade financeira e a política fiscal, estão ligados à necessidade de os avanços tecnológicos serem absorvidos pelos países de forma inclusiva. Sexto: a economia e finanças. Nesta área a crise de 2007/08 mostrou que o mundo precisa de um novo e eficiente sistema de regulação, o qual valorize a produção e não a especulação. Passados 10 anos de seu início nada foi construído adequadamente. Diante disso, se espera uma nova recessão mundial entre 2020 e 2024. Estamos nós preparados?

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