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Milho no Brasil, uma história de sucesso recente


Amélio Dall’Agnol

Poucos países, se é que existe algum, não cultivam o milho para alimentação humana e/ou animal. É cultivado e consumido há mais de 5.000 anos (período neolítico), inclusive pelos indígenas brasileiros. É o único cereal nativo das Américas, tendo o México como seu centro de origem. Do México, o milho se espalhou pelo resto do mundo a partir de 1.500 d.C. - era das grandes navegações. 

No Brasil, o milho liderou a área cultivada com lavouras anuais até 1998, quando a soja ocupou a primeira posição. Atualmente, a área cultivada com soja é o dobro da do milho:  36 milhões de hectares (Mha) para a soja, ante 18 Mha para o milho. Dada a diferença de áreas cultivadas com ambos os grãos, parece pouco provável que a área cultivada com o cereal venha novamente superar a área da oleaginosa, no curto e médio prazos. 

Entre 1990 e 2018 a produtividade do milho aumentou em 198% no Brasil (1.881 kg/ha em 1990 vs. 5.600 kg/ha em 2018), enquanto o aumento de produtividade da soja foi de 90% (1.740 kg/ha em 1990 vs. 3.300 kg/ha em 2018). No entanto, a produtividade média do milho brasileiro é ainda muito baixa quando comparada com a norte americana ou europeia: cerca de 11,000 kg/ha. Mas melhorou muito, se considerarmos que a produtividade média do cereal brasileiro nos anos 90 não passava dos 3.000 kg/ha. Quase dobrou de tamanho no período.

Para a safra 2018/19, a expectativa da Consultoria Agroconsult é de que a safra brasileira de milho poderá ser superior a 100 Mt, ante apenas 52 Mt em 2007/08. Um salto de 92% em apenas uma década.  Com o expressivo aumento da produção, o Brasil passou a ser, também, grande exportador do cereal, assumindo a vice liderança global depois dos EUA. A expectativa dos analistas de mercado é que o Brasil se fixará como 2º exportador mundial de milho, comercializando cerca de 30 Mt anuais no mercado externo.  

Na última temporada (2017/18), as exportações brasileiras de milho somaram 25 Mt, mas já chegou a exportar 36 Mt na safra 2015/16 e sinaliza com a possibilidade de exportar 32 Mt em 2019 (FCStone), consequência da excelente safra atual, da melhoria nas cotações do mercado face ao conflito sino-americano, do atraso no plantio pelo excesso de chuvas no cinturão do milho dos EUA e da desvalorização do Real frente ao Dólar. 

Por causa do excesso de chuva, cerca de 2,5 milhões de hectares de milho previstos para cultivo na presente safra poderão deixar de ser cultivados. As datas para plantar e requisitar o seguro estão fechadas e o relatório do USDA mostra o milho com apenas 67% da área plantada no final de Maio, contra 96% dos 5 anos anteriores, o que fez os preços do cereal disparar na Bolsa de Chicago, para o maior valor em 3 anos. Com a disparada dos preços, o milho americano ficou mais caro e alguns importadores estão buscando grãos em outros mercados, como Brasil e Argentina.

O agronegócio brasileiro continua surpreendendo. A soja foi a primeira lavoura a desenhar uma trajetória de sucesso, seguida na última década pelo milho e não será surpresa se nos anos vindouros o algodão nos surpreender com outra boa história de sucesso.  

Milho e soja formam a dupla que produz a carne.

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