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O risco do novo velho normal


Argemiro Luís Brum

Para termos uma noção macroeconômica se estamos construindo um ciclo de crescimento, os principais indicadores nos vêm das seguintes rubricas: contas públicas; setor externo; câmbio real; salários e rentabilidade do setor privado. Hoje, à luz dos mesmos, há indicativos de que, apesar da recessão de 2015/16 e da pandemia de 2020/21, o Brasil pode melhorar nos anos futuros.

Todavia, a dinâmica do ajustamento econômico nacional dependerá do governo que os brasileiros irão eleger no final de 2022. Este novo governo terá como principal tarefa avançar e concluir o ajuste fiscal. Ou seja, colocar em dia as contas públicas. Segundo cálculos da FGV, em 2020 fechamos o ano com um superávit primário estrutural de 0,1% do PIB, quando o necessário, para estabilizar a dívida pública, é construirmos um superávit da ordem de 3% a 3,5% do PIB, ou seja, algo entre R$ 250 a R$ 350 bilhões.

Isso permitiria que os investimentos públicos cresçam, pois neste momento os mesmos giram em torno de pífios 2,5% do PIB, enquanto a arrecadação de impostos gira ao redor de 35%, demonstrando claramente que o brasileiro paga caro e não recebe investimentos e serviços públicos adequados, sustentando uma máquina pública inchada e ineficiente. Ora, para terminar a contento a construção de um ajuste fiscal estrutural será preciso aumento da receita, redução de subsídios, e reformas que reduzam o gasto público ou pelo menos sua taxa de crescimento.

Portanto, para se vencer tal desafio e o país melhorar, será fundamental que os brasileiros não elejam um governo populista, do tipo que temos tido nestes últimos 15 anos. Se repetirmos estes governos, o nosso futuro tende a repetir o passado, e não venceremos os desafios que temos. Pelo contrário, em muitos momentos, tais governos pioraram nossa situação geral, agindo com total irresponsabilidade para com a Nação brasileira. Assim, a grande tarefa econômica para o novo governo é que o mesmo assuma já sabendo em que medida, o choque das recessões recentes e o choque sanitário, impactaram o potencial de crescimento brasileiro no longo prazo, e o quanto as decisões populistas e incompetentes de seus antecessores recentes potencializaram este prejuízo, a fim de adotar medidas objetivas de correção e não incorrer nos mesmos erros.

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