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A formação que nos falta (I)


Argemiro Luís Brum

Em março passado a ONU anunciou o novo Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) mundial, a partir de dados coletados em 2015. Pela primeira vez, desde que o Índice passou a ser referência para medir o desenvolvimento dos países (em 1990), o Brasil ficou estacionado. Em uma posição longe de ser confortável, pois se situa em 79º lugar de um total de 188 países pesquisados. Estamos juntos com a ilha de Granada, abaixo da Rússia e um pouco acima da média regional da América Latina e Caribe.

Tal índice leva em conta três quesitos fundamentais: saúde, educação e rendimento. No caso brasileiro, a estagnação teria ocorrido principalmente pela queda no rendimento, devido à recessão econômica que nos atingiu, a qual elevou o desemprego (hoje acima de 14 milhões de pessoas em idade ativa, chegando a mais de 25% na faixa etária entre 15 a 24 anos de idade). Grande parte desse desemprego, por sua vez, ocorre na esteira da baixa formação de nossa mão de obra.

E aí entra o quesito educação em jogo. Os visitantes brasileiros, na recente feira mundial de Hannover (Alemanha), voltaram convencidos de que estamos com grande atraso tecnológico perante os principais países concorrentes, detectando que tal atraso se deve, em grande parte, a uma educação precária. E a realidade, neste sentido, é gritante. Segundo a última edição do Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (Pisa), realizada em 2015, os estudantes brasileiros ingressam no Ensino Médio “sem conhecimento e as habilidades mínimas para exercer uma plena vida social e econômica”.

Em matemática, 70% de nossos estudantes não sabem o básico, em ciências 56% e em leitura 51%. Além disso, mais de 60% dos professores brasileiros de ciências, no Ensino Fundamental, não possuem formação específica. Ou seja, em geral, nossos professores, e isso vale para grande parte em todos os níveis do ensino nacional, são de qualidade precária, pois formados, na base, em um ambiente de qualidade comprometedora. Mais, o Pisa indicou que, dentre 70 países pesquisados, o Brasil ficou na posição 63 em ciências, 59 em leitura e 65 em matemática.

Portanto, estamos entre os piores do mundo em educação. Não há como gerar desenvolvimento em tal quadro caótico! E os problemas nacionais na área não param aí! Em nosso país, segundo o Pnad, somente 54% dos estudantes concluem o Ensino Médio até os 19 anos, enquanto 15,7% dos jovens brasileiros entre 15 e 17 anos não estudam. E muitos que estudam, o fazem muito mal. Além disso, relatório da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico), com sede em Paris, ao comparar dados de mais de 40 países, evidenciou que apenas 14% dos adultos brasileiros têm Ensino Superior, contra a média de 35% obtida no conjunto dos países pesquisados. Um desastre! (segue) 

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