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Análise semanal do mercado da soja

Análise semanal do mercado da soja


As cotações da soja em Chicago, nesta nova semana mais curta no Brasil devido ao feriado de Tiradentes, acabaram oscilando pouco. O fechamento da quinta-feira (20) ficou em US$ 9,46/bushel, contra US$ 9,55 uma semana antes. 

Os fundamentos do mercado continuam os mesmos. Uma enorme oferta mundial, confirmada pelo recente relatório de oferta e demanda do USDA, fato que eleva igualmente os estoques, associada a um aumento na área semeada com a oleaginosa neste ano nos EUA, exerce uma pressão baixista sobre as cotações. Pelo lado contrário, o mercado tenta criar um motivo altista, trabalhando em torno da especulação climática no Meio Oeste estadunidense, como sempre nesta época do ano. Lembramos que o plantio apenas inicia naquele país e, efetivamente, o mercado do clima passa a ser um elemento fundamental até setembro. Com isso, o mercado externo entra em um período de forte volatilidade. Soma-se a estes dois fatores o comportamento dos fundos especulativos, os quais já estariam sobrevendidos e, logo mais, podem iniciar um movimento de recompra, ajudando a melhorar o preço do bushel. Todavia, este último comportamento depende muito das decisões econômicas nos EUA, as quais, por enquanto, indicam um progressivo aumento do juro básico, fato que torna os papéis financeiros e os títulos do governo mais atrativos.

Dito isso, é bom lembrar que um atraso no plantio do milho, neste momento, devido a chuvas nos EUA, tende a levar a um aumento na área semeada com soja, a qual já está indicada como recorde para este ano. Todavia, ainda é cedo demais para se especular em torno disto, já que a semeadura da safra de verão apenas está iniciando.

Por sua vez, as exportações líquidas de soja pelos EUA, para o ano comercial 2016/17, iniciado em 1º de setembro, ficaram em 402.300 toneladas na semana encerrada em 6 de abril. Este volume ficou 26% abaixo da média das últimas quatro semanas, indicando que o mercado comprador estaria se deslocando para a soja sul-americana, o que não ajuda a sustentar os preços em Chicago. Como quase sempre, a China foi a principal compradora, com 222.300 toneladas.

Ao mesmo tempo, as inspeções de exportação estadunidenses de soja somaram 430.879 toneladas na semana encerrada em 13/04, acumulando 48,3 milhões de toneladas no ano comercial atual, contra 42,4 milhões em igual momento do ano anterior.

Já o esmagamento de soja nos EUA, em março, somou 4,17 milhões de toneladas, ficando acima do registrado em fevereiro, porém, bem abaixo do que o mercado esperava.

Por outro lado, na Argentina a colheita chegou a 8% da área até o dia 16/04, sendo que o governo local espera um volume final ao redor de 56,5 milhões de toneladas. Ao mesmo tempo, os argentinos teriam esmagado 2,61 milhões de toneladas de soja em fevereiro, segundo o seu Ministério da Agricultura. No seu atual ano comercial 2016/17, que se encerrou em 31/03, a Argentina já teria triturado 39,7 milhões de toneladas, contra 41,9 milhões em igual período do ano anterior. Como o vizinho país é o maior exportador mundial de farelo de soja, esta redução no esmagamento de soja acabou elevando os preços do farelo na última semana em Chicago, fato que ajudou um pouco o grão. Mas o movimento altista parece não ter fôlego.

Na China a economia cresceu 6,9% no primeiro trimestre de 2017, ficando dentro do esperado pelo governo local, que colocou como meta um PIB de 6,5% neste ano.

Enquanto isso, aqui no Brasil, o câmbio permaneceu nos mesmos níveis das últimas semanas, oscilando entre R$ 3,10 e R$ 3,15, fato que não ajuda a recuperar os preços locais. E isso, mesmo com as exportações de soja avançando firmes. Nesse sentido, espera-se que o país exporte 11,08 milhões de toneladas apenas em abril e ultrapasse 63 milhões de toneladas em todo o ano, fato que seria um recorde.

O balcão gaúcho fechou a semana em R$ 56,94/saco, na média, enquanto os lotes giraram entre R$ 60,00 e R$ 61,00/saco. Nas demais praças nacionais os lotes ficaram entre R$ 51,70/saco em Diamantino (MT) e R$ 62,00/saco em Pato Branco (PR), passando por R$ 53,00/saco em regiões do Mato Grosso do Sul e R$ 55,00/saco em localidades do Tocantins, Minas Gerais e Goiás.

Alguns negócios mais importantes foram realizados nos momentos em que os preços acenaram com breves recuperações durante a semana, porém, o movimento de vendas continua bastante fraco, com os produtores (aqueles que podem), segurando o produto à espera de preços futuros melhores.

A colheita da soja no Brasil já ultrapassa os 90%, faltando áreas ainda principalmente no Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Bahia e Minas Gerais.

Quanto à comercialização da atual safra, até o dia 07/04 a mesma chegava a 46% no país, contra 61% no mesmo período do ano anterior e 57% na média histórica. No Rio Grande do Sul 28% da safra havia sido negociada, contra 48% no ano anterior e 38% na média histórica. No Mato Grosso, 60% negociado, contra 66% no ano passado e 69% na média histórica. E no Paraná, 36% já vendido, contra 55% no ano anterior e 44% na média histórica para esta época do ano (cf. Safras & Mercado).
 

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