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Cotações da soja em Chicago

As cotações da soja em Chicago voltaram a recuar fortemente nesta semana


Foto: Divulgação

As cotações da soja em Chicago voltaram a recuar fortemente nesta semana, literalmente despencando na quinta-feira (17) quando limites de baixa foram rompidos. Com isso, o bushel fechou a quinta-feira em US$ 13,29, valor que não era visto desde o primeiro dia útil de janeiro do corrente ano, e após US$ 15,44 na semana passada. Ou seja, em uma semana o bushel perdeu US$ 2,15. Desde o dia 12/05, quando o primeiro mês atingiu seu ponto mais elevado desta nova arrancada de preços, com US$ 16,60/bushel, até o dia 17/06 (portanto, em pouco mais de um mês) o bushel de soja perdeu US$ 3,31. A bolha especulativa estourou, como preveníamos que mais dia menos dia isso iria ocorrer.

O tombo da quinta-feira se deveu ao movimento cambial nos EUA, em primeira instância, mas igualmente ao clima normal nas regiões produtoras daquele país e a pouca presença chinesa nas compras de soja estadunidense. Ao mesmo tempo, os subprodutos da soja, especialmente o óleo, que tinha disparado de preço na semana anterior, atingindo seu recorde histórico naquela Bolsa, sofreu severa correção nesta semana, fechando a quinta-feira (17) em 56,57 centavos de dólar por libra-peso, contra 72,08 centavos sete dias úteis antes. O fechamento desta quinta-feira foi o mais baixo para o óleo desde o dia 19 de abril do corrente ano, considerando o primeiro mês cotado. Já o farelo, que vinha recuando há mais tempo, bateu no seu mais baixo nível desde o dia 14 de outubro do ano passado, atingindo a US$ 361,50/tonelada curta nesta quinta-feira (17/06).

Obviamente, a queda foi muito intensa em pouco tempo, fato que deve levar a correções para cima nos próximos dias, porém, salvo problemas climáticos importantes nos EUA durante as próximas semanas, provavelmente Chicago tenha entrado em um novo patamar de preços, agora mais baixos, embora ainda bastante importantes em relação ao nível de US$ 8,71/bushel que estava há um ano atrás.

Para além do estouro da bolha especulativa, de concreto tem-se que o plantio da soja nos EUA caminha para o encerramento, com 94% da área já realizada em 13/06, contra a média histórica de 88% para esta data. Cerca de 86% das lavouras já haviam germinado, contra 74% na média. E as condições das lavouras, embora tenham piorado um pouco, continuam positivas. O total de boas a excelentes ficou em 62%. Outras 27% estavam regulares e 8% entre ruins a muito ruins. Por outro lado, os embarques de soja por parte dos EUA, na semana encerrada em 10/06, somaram 128.092 toneladas, ficando abaixo das projeções do mercado. Em todo o atual ano comercial os EUA embarcaram 56,8 milhões de toneladas de soja, 57% a mais do que no mesmo período do ano passado.

Enfim, o mercado começa a se posicionar para o relatório de plantio definitivo nos EUA, o qual está previsto para o próximo dia 30/06. É possível que haja um pequeno aumento na área indicada quando da intenção de plantio, em março. Todavia, se a área vier menor, pode reverter o movimento de baixas que Chicago vem assistindo. Aqui no Brasil, com o câmbio permanecendo na casa dos R$ 5,00 a R$ 5,05 por dólar em grande parte da semana, e diante de prêmios ainda negativos na maioria dos portos nacionais, o recuo em Chicago provocou novo e sensível recuo nos preços internos da soja. A média gaúcha perdeu praticamente quatro reais por saco em relação a semana passada, se fixando em R$ 156,85/saco no final da corrente semana. Algumas principais praças gaúchas de comercialização trabalharam com preço de balcão em R$ 151,00/saco. Nas demais praças nacionais os preços oscilaram entre R$ 144,00 a R$ 155,00/saco.

A possibilidade de maiores estoques finais nos EUA, após o relatório do USDA do dia 10/06, e o aumento da safra brasileira recém colhida, se somam aos fatores já indicados para puxar para baixo os preços da oleaginosa. Além disso, a revalorização do Real perante o dólar deixa a soja brasileira menos atrativa para exportação, fazendo com que o produto dos EUA ganhe mais competitividade, assim como o da Argentina. A boa notícia é que, com a proximidade do segundo semestre, naturalmente os prêmios no Brasil tendem a subir e, logo mais, deverão favorecer um pouco à formação dos preços internos da soja. Claro que muito disso irá depender da cadência de embarques de soja por parte do Brasil e do comportamento dos prêmios no Golfo, por onde embarca a soja dos EUA, especialmente a partir de setembro, quando se inicia a colheita por lá.

Vale ainda destacar que até o dia 04 de junho a comercialização da atual safra brasileira chegava a 76% do total, avançando mais lentamente do que o normal, porém, acima da média histórica para esta data, que é de 73%. Para a nova safra 2021/22 as vendas antecipadas alcançam 17,4% da colheita esperada, contra a média histórica de 15,1%, porém, bem abaixo do recorde ocorrido em 2020 que foi de 33,1% para esta data. (cf. Datagro)

Especificamente no Mato Grosso, maior produtor brasileiro de soja, a comercialização da safra de soja 2021/22, a ser plantada a partir de setembro, chegou a 32,5% da produção esperada neste início de junho, ficando atrás do registrado no mesmo período do ano anterior, que foi de 41,5%. Com o recuo dos preços, os produtores diminuíram o ritmo das vendas antecipadas. Mesmo assim, as vendas estão acima da média histórica, que é de 21,4%. Já a comercialização da atual colheita atingia a 88,3%, contra 92,6% no ano anterior e 85,4% na média histórica nesta data. (cf. Imea) Em termos nacionais, para a próxima safra espera-se um aumento de 2,9% na área de soja. Em clima normal tal área pode resultar em uma produção brasileira entre 141 e 144 milhões de toneladas. Ou seja, por enquanto, haverá muito mais soja para ser negociada durante a colheita futura na comparação a este último ano. Este pode ser um fator de pressão baixista para os preços quando chegar o momento. Afora isso, a Abiove atualizou suas estimativas, indicando que o esmagamento de soja neste ano deverá ficar em 46,5 milhões de toneladas no Brasil, com um recuo de quase 1% sobre o volume processado em 2020. Nos primeiros quatro meses de 2021 o Brasil esmagou 12,1 milhões de toneladas, a partir de uma amostra de 85% do esmagamentonacional.

A redução neste esmagamento seria reflexo da redução da mistura obrigatória de biodiesel ao diesel de petróleo, a qual veio de 13% para 10% por determinação do governo federal. Espera-se uma retomada dos 13% nas próximas semanas, porém, ainda não há nada de concreto. Neste contexto, as exportações de óleo de soja, por parte do Brasil, deverão subir para 1,2 milhão de toneladas neste ano, com alta de 20% sobre a projeção anterior e de 8% sobre o exportado em 2020. De janeiro a maio de 2021, a exportação brasileira de óleo de soja cresceu 30% em relação ao mesmo período de 2020. Por outro lado, a Abiove aumentou sua estimativa  de exportação do grão de soja, podendo o volume total atingir a 85,7 milhões de toneladas em 2021, porém, reduziu a estimativa da produção de farelo.

Neste quadro geral de projeções e estimativas, a Secex informa que o Brasil embarcou, nos oito primeiro dias úteis de junho, um total de 5,1 milhões de toneladas de soja, tendo o ritmo perdido um pouco de fôlego. Mesmo assim, espera-se que o país exporte  entre 12 e 13 milhões de toneladas de soja em junho. Por enquanto, no acumulado do ano o Brasil teria exportado 55,3 milhões de toneladas de soja, ficando acima das 52 milhões de toneladas do ano passado nesta época. O preço médio de exportação da tonelada chega a US$ 462,40 neste ano contra US$ 337,20 no mesmo período de 2020. Ou seja, um aumento de 37,1%. Já a Anec estima que o Brasil irá exportar 11,5 milhões de toneladas de soja em junho.

Em farelo, as vendas ficariam em 2,13 milhões de toneladas, com forte aumento sobre junho do ano passado, quando o país exportou 1,39 milhão de toneladas do subproduto. Em se confirmando esta estimativa, as exportações brasileiras de soja somariam 61,8 milhões de toneladas no primeiro semestre de 2021, contra 82,3 milhões em todo o ano passado

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